A declaração de Moro foi dada durante o depoimento que o ex-ministro deu à PF e divulgada nesta sexta-feira (27) pelo jornal O Globo.
Moro afirmou que a ligação do filho do presidente com o "gabinete do ódio" é comentada por ministros e que ele mesmo foi alvo de ataques do grupo após ter deixado o cargo no governo.
"Indagado se tem conhecimento do envolvimento de Eduardo Bolsonaro, Carlos Bolsonaro, Tercio Arnaud, José Matheus, Mateus Matos em quaisquer dos fatos ora mencionados, respondeu que os nomes de Carlos Bolsonaro e Tercio Arnaud eram normalmente relacionadas ao denominado 'gabinete do ódio'", diz um dos trechos do depoimento prestado no último dia 12.
Moro foi ouvido no inquérito que apura a organização de atos antidemocráticos.
"Indagado sobre como tomou conhecimento da relação de tais pessoas com o denominado 'Gabinete do Ódio', respondeu que tomou conhecimento por comentários entre ministros do governo; indagado sobre quais ministros citavam a participação de Carlos Bolsonaro e Tercio Arnaud no 'gabinete do ódio' respondeu que eram ministros palacianos", escreveu a PF.
Moro disse não ter conhecimento se servidores públicos são usados nessas atividades de ataque às autoridades.
"Esclareceu que quando de sua saída do Ministério de Justiça ocorreram diversos ataques contra sua pessoa em redes sociais; que chegou ao seu conhecimento que tais ataques eram oriundos do denominado 'gabinete do ódio'; indagado se pode nominar as pessoas responsáveis pela prática de tais condutas, direta ou indiretamente, respondeu que não sabe denominar", declarou.
Moro recomendou à PF tomar os depoimentos dos ministros palacianos.
"Acredita que melhores esclarecimentos possam ser prestados por ministros que atuavam dentro do Palácio do Planalto; Indagado sobre quem seriam os ministros, respondeu que seria possível obter melhores esclarecimento, por exemplo com o Secretário de Governo, o Ministro do Gabinete de Segurança Institucional, e o Secretário de Comunicação, uma vez que o depoente trabalhava fora do Palácio do Planalto", completou.
O inquérito sobre atos antidemocráticos foi aberto a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para investigar a realização, financiamento e organização de manifestações que pediam o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e pediam intervenção militar.
Carlos Bolsonaro respondeu no Twitter as acusações de Moro e as classificou como uma "tentativa boçal".
Esse é o segundo depoimento prestado por Moro em uma investigação. O primeiro foi no inquérito aberto para apurar as acusações feitas por ele de interferência do presidente Bolsonaro na Polícia Federal.