Manifestantes protestam contra projeto de legalização do aborto na Argentina

Milhares de pessoas se manifestaram neste sábado (28) diante do Congresso argentino em repúdio ao projeto de lei enviado recentemente pelo governo para legalizar o aborto.
Sputnik

Segundo a agência Reuters, a mobilização aconteceu na capital Buenos Aires e foi replicada nas principais cidades do interior argentino.

O presidente Alberto Fernández enviou há alguns dias a iniciativa com a qual se comprometeu publicamente e que era esperada pelos movimentos feministas, que há anos defendem sua aprovação.

"Estamos aqui para defender as duas vidas, a da mãe e do bebê, por isso, de forma pacífica, queremos dizer ao governo e aos legisladores que eles estão errados se aprovarem essa aberração", disse à Reuters Lorena Giacchino, uma estudante de 27 anos.

Mulheres com crianças, famílias inteiras e sacerdotes estavam entre os manifestantes pacíficos, cuja maioria ostentava lenços azuis, um símbolo dos que se opõem à legalização do aborto no país.

Manifestantes protestam contra projeto de legalização do aborto na Argentina

A iniciativa oficial vai legalizar a "interrupção voluntária da gravidez" na Argentina e conta com amplo respaldo social, mas é fortemente questionada por setores religiosos.

A lei que vigora na Argentina é de 1921 e só permite a interrupção voluntária da gravidez quando há grave risco de saúde para a mãe ou em casos de estupro. Os ativistas em defesa da descriminalização do aborto, porém, alegam que as mulheres muitas vezes não recebem o atendimento adequado, citando diferenças por região e classe social.

Em 2018, o projeto de despenalização do aborto chegou ao parlamento, mas por pouco não conseguiu se tornar lei.

"O debate não é dizer sim ou não ao aborto. Os abortos ocorrem clandestinamente e colocam em risco a saúde e a vida das mulheres que os praticam. Portanto, o dilema que devemos superar é se os abortos são praticados clandestinamente ou no sistema de saúde argentino", disse o presidente Fernández recentemente.

A penalização do aborto fracassou como política. Morrem mulheres por abortos clandestinos e outras sofrem graves sequelas em sua saúde. Ratifico o meu compromisso para legalizar o aborto, garantir o acesso aos serviços de saúde e implementar com eficácia o ESI [Programa Nacional de Educação Sexual Integral]. 

O projeto não foi encaminhado previamente ao Legislativo devido à chegada do novo coronavírus no país, que causou uma das quarentenas mais rígidas do mundo.

O aborto é ilegal em quase toda a América Latina, uma das regiões mais perigosas do mundo para as mulheres. Dos 21 países da região, apenas Cuba, Uruguai, Guiana e Porto Rico legalizaram a prática sem condições.

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