O ex-juiz trabalhará na área de Disputas e Investigações da empresa, em São Paulo. Além da Odebrecht, a consultoria atuou, até março deste ano, no processo de recuperação judicial da OAS.
As duas empreiteiras foram investigadas por pagamento de propina pela Lava Jato, que contou com a participação de Moro quando ele era juiz da 14ª Vara Criminal de Curitiba. À frente da operação de 2014 a 2018, o magistrado condenou vários dirigentes e sócios de construtoras brasileiras.
Por meio do Twitter, Moro disse que não atuaria em "casos de potencial conflito de interesses".
Críticas de lavajatistas
A ligação da consultoria com a Odebrecht foi criticada por políticos, inclusive parlamentares identificados com a força-tarefa da Lava Jato. O senador Major Olímpio (PSL-SP) afirmou, segundo coluna de Chico Alves, do UOL, que Moro deu um "tiro no próprio saco, e não no pé," ao aceitar o trabalho. "As sequelas são piores", acrescentou.
O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) decidiu notificar Moro, segundo a Revista Época, e pediu esclarecimentos sobre o seu novo trabalho na empresa Alvarez & Marsal.
A entidade, que deverá enviar ofício ao ex-juiz, quer saber qual será a função de Moro, se tem relação com a advocacia e onde se dará a prestação do serviço.
'Agora o Moro é consultor', ironiza Maia
Em entrevista ao portal UOL, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ao ser perguntado sobre possíveis candidatos presidenciais em 2022, ironizou a escolha de Moro e o avaliou como uma carta fora do baralho.
"Agora o Moro é consultor de uma empresa que inclusive, pelo que vi no jornal, presta serviço para a Odebrecht. Acho que ele já está encaminhado no setor privado", disse Maia.
Pelo Twitter, Ciro Gomes (PDT) disse que o ex-juiz era "malandrão".
Já o ministro das Comunicações, Fábio Faria, publicou em seu perfil no Twitter a frase dita por Moro à deputada Carla Zambelli (PSL-SP) quando ela pediu para que o então ministro não deixasse o governo, oferecendo em troca uma vaga no Supremo.