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'Sem o auxílio emergencial, queda do PIB seria superior a 7,5% em 2020', diz economista

Cerca de 3,5 milhões de beneficiários do auxílio emergencial nascidos em setembro começaram a receber a parcela a que têm direito, segundo os critérios do programa assistencial temporário do governo federal.
Sputnik

Segundo o governo, as parcelas ajudam a minimizar os impactos financeiros da pandemia da COVID-19 entre trabalhadores informais, microempreendedores individuais, autônomos e desempregados.

Em entrevista à Sputnik Brasil, Gilberto Braga — economista, professor do Ibmec do Rio de Janeiro e da Fundação Dom Cabral — pensa que o auxílio emergencial representou muito para o Brasil, na medida em que os prognósticos eram de uma queda do PIB até superior a 7,5%.

"Os últimos dados da pesquisa Focus apontam que os especialistas já têm uma expectativa para esse mês de dezembro de que o ano feche com uma queda do PIB inferior a 4,5%, mais precisamente 4,4%. O que basicamente fez com que aquele desastroso prognóstico (de 7,5% de queda) não se confirmasse foi o pagamento da ajuda emergencial", avaliou Braga.

O valor das parcelas variam conforme o mês que o beneficiário teve seu pedido aceito e foi incluso no programa. Todos os beneficiários têm direito a receber cinco parcelas de R$ 600, ou R$ 1.200 para mães chefes de família. Depois disso, eles passam a receber até o fim do ano parcelas do auxílio residual de R$ 300, ou R$ 600 para as mães.

Segundo o economista, mesmo com a diminuição do valor de R$ 600 para R$ 300 (R$ 1200 para R$ 600 no caso da mães chefes de família), que é o caso da maioria dos beneficiários, o valor manteve o consumo, principalmente para alimentação e higiene.

"O auxílio não foi apenas para as pessoas que perderam o emprego, mas também foi dado para outras que já estavam à margem do mercado de trabalho e que preencheram as condições de contemplação da ajuda", disse o especialista.

​Braga declarou que, agora, a grande questão é o quê vai acontecer daqui para frente, "porque a ajuda de R$ 300, em tese, vai acabar, e a partir de 2021 não haveria mais esse apoio financeiro, sendo que ele nem consta da proposta de orçamento do governo federal.

​"Se temos uma nova onda de COVID-19 — ou uma mesma onda, pois o contágio no Brasil foi diferente de outros países — seria mandatório que a ajuda continuasse, e daí a necessidade de se ter uma solução econômica e política para que isso aconteça", disse o economista.

O impacto estimado do auxílio emergencial para o Tesouro Nacional — se o benefício for mantido no próximo ano — vai depender, segundo o analista, de uma fórmula a ser negociada, para que se ache os meios econômicos "a fim de que se pague essa ajuda, qualquer valor que seja, dentro de um novo nome, com uma nova roupagem. Talvez seja batizado de Renda Brasil, um programa que o governo Jair Bolsonaro chame de seu e ganhe os dividendos políticos necessários disso".

"Economicamente falando, não há previsão para isso. O Tesouro a princípio não tem recurso, mas é muito provável que com algum grau novo de endividamento, com alguma reforma, seja construída uma saída para permitir que diante de uma situação de pandemia essa ajuda continue", completou Braga.

Avaliando o atraso do Brasil em relação a outros países para definir um calendário de vacinação e com uma "política negacionista do problema por parte do presidente", Braga se mostrou preocupado com os efeitos para a economia: "Se por um lado o pagamento da ajuda emergencial mantém a economia relativamente aquecida, por outro lado a manutenção da doença impede que nós tenhamos uma recuperação econômica vigorosa dentro daquilo que seria esperado nos moldes pré COVID-19", finalizou.

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