Executada em coordenação com órgãos de segurança pública federais e estaduais, a operação tinha o objetivo de intensificar o patrulhamento e aumentar a sensação de segurança da população local.
Na última segunda-feira (7), o Itamaraty afirmou que as eleições legislativas da Venezuela, realizadas em 6 de dezembro na Venezuela, não respeitaram "regras mínimas de um processo democrático".
O professor de História da UERJ, especialista em História e Política da Venezuela, Rafael Araújo, em entrevista à Sputnik Brasil, observou que a relação entre Nicolás Maduro e Jair Bolsonaro não é boa, acrescentando "essa relação tensa, turbulenta, e agressiva em alguns momentos, deve se perpetuar".
O especialista, no entanto, disse não acreditar que as operações brasileiras na fronteira signifiquem uma investida militar que represente uma "ameaça velada e simbólica do Brasil quanto a uma intervenção armada na Venezuela".
"Militarmente, as Forças Armadas venezuelanas são extremamente preparadas, inclusive por conta dos acordos militares que eles têm com os russos [...] então nesse sentido não vejo o Brasil tendo capacidade militar para fazer uma guerra", argumentou.
Rafael Araújo destacou que a derrota de Donald Trump nas eleições dos EUA reforça um cenário desfavorável a uma confrontação, pois o presidente norte-americano "nos últimos quatro anos em vários momentos ameaçou diretamente a Venezuela com uma intervenção militar, e, ao que tudo indica, Joe Biden não vai manter essa linha intervencionista".
De acordo com ele, as manobras brasileiras são de reconhecimento de território e parecem estar mais relacionadas à sensação de segurança de brasileiros que vivem na fronteira do que de uma ameaça de intervenção de territórios.
Ao comentar as perspectivas para as relações entre os dois países, o historiador afirmou que "para o bem do Brasil e da Venezuela", um acordo político seria a melhor saída para ambas as partes.
"Mas conhecendo Bolsonaro e conhecendo Maduro, eu acho pouco provável que esse acordo se costure. A não ser que haja uma intervenção, no sentido de costura de um acordo, por parte da União Europeia ou dos EUA. Até agora, o Brasil tem tido uma postura muito refratária com Nicolás Maduro, e isso acaba por intensificar as tensões entre os dois países", disse.
"Nestes quase dois anos de governo Bolsonaro, o Brasil encolheu o protagonismo político e a liderança que tinha na América do Sul", acrescentou.
O especialista destacou também que a atual política externa brasileira prioriza muito pouco o entorno sul-americano e a possibilidade de um acordo com a Venezuela só aconteceria se o Brasil realizasse uma profunda mudança em sua política externa.