Cientistas da Universidade Monash, Austrália, lançaram uma nova luz sobre o início da história da Terra por meio da descoberta de que os continentes eram fracos e sujeitos à destruição em sua infância. Esses primeiros continentes morriam bem jovens, mas, ao fazer isso, abriam caminho para continentes sólidos, que eventualmente levaram ao surgimento das placas tectônicas, sugere o estudo publicado na revista científica Nature.
"Nossos resultados explicam que os continentes permaneceram fracos e sujeitos à destruição em sua infância, [de] 4,5 [bilhões de anos] a [aproximadamente] quatro bilhões de anos atrás, e então progressivamente se diferenciaram e tornaram-se rígidos ao longo do próximo bilhão de anos para formar o núcleo de nossos continentes modernos", explica em comunicado Fabio Capitanio, autor principal do estudo.
De frágil para estável em alguns bilhões de anos
Por centenas de milhões de anos, os continentes atuais têm sido mais ou menos estáveis. Mas nem sempre foi assim e a história inicial da Terra, cobrindo seu primeiro 1,5 bilhão de anos, permanece quase desconhecida e, consequentemente, mal compreendida.
"Esta foi a época da formação dos primeiros continentes, o surgimento do terreno, o desenvolvimento da atmosfera primitiva e o surgimento da vida primordial, todos os quais são o resultado da dinâmica do interior do nosso planeta [...]. A liberação de calor primordial interno, três a quatro vezes maior do que o atual, causou grande derretimento no manto raso, que foi então expulso como magma [rocha derretida] para a superfície da Terra", comenta Capitanio.
Segundo os pesquisadores, o manto raso deixado por esse processo ficou desidratado e rígido e formou as quilhas dos primeiros continentes. O processo mostra que os primeiros continentes permanecem fracos e sujeitos à destruição em sua infância, então progressivamente derretem e se diferenciam para se tornarem continentes estáveis.
"O registro geológico sugere que os primeiros continentes não sobreviveram e foram reciclados no interior do planeta, mas essa tendência se inverteu dramaticamente há aproximadamente quatro bilhões de anos, quando o pedaço mais duradouro dos continentes, os crátons, apareceu", afirma Capitanio.
Por fim, o estudo explica os enigmáticos graus de derretimento e as estruturas em camadas observadas na maioria dos crátons na Terra e adiciona conhecimento sobre a formação de supercontinentes e sua fragmentação nos continentes atuais.