Segundo o levantamento, intitulado "Oportunidades de restauração de paisagens e florestas na porção mineira da bacia do Rio Doce", três milhões de hectares poderiam ser reflorestados na região, sequestrando de 9,9 a 10,3 milhões de toneladas de dióxido de carbono e gerando uma receita adicional de produção da ordem de R$ 848 milhões a R$ 1,5 bilhão, o que representa quase 1,2 vezes o Valor Adicionado do PIB Agropecuário da Mesorregião Mineira do Vale do Rio Doce.
A Bacia do Rio Doce, de acordo com os pesquisadores, tem um longo histórico de exploração ambiental e o vale do Rio Doce já vinha apresentando sinais severos de degradação ambiental causados pela forma de uso e ocupação do solo, acarretando processos erosivos intensivos, diminuição da capacidade de suporte animal, diminuição na capacidade de infiltração de água e o aumento da carga de sedimentos dos cursos d’água.
A situação piorou muito após o rompimento de uma barragem de rejeitos de mineração no município de Mariana, em novembro de 2015, quando cerca de 45 milhões de metros cúbicos de rejeito tomaram o leito do rio e suas margens.
"A restauração florestal apresenta-se como uma alternativa viável de desenvolvimento econômico sustentável. Permite a adoção de medidas que promovem a conservação do meio ambiente e o fortalecimento da economia verde, harmonizando os atributos ambientais da área com seus aspectos sociais e econômicos. Fica claro que é possível respeitar o melhor da tradição agropecuária da região, fortalecendo os produtores e recuperando o meio ambiente, garantindo, em consequência, geração de emprego e renda, além de contribuir com a segurança alimentar e nutricional", explica o diretor-geral do IEF, Antônio Malard, em nota enviada à Sputnik Brasil.
Segundo Luciana Alves, especialista em restauração florestal do WRI Brasil, a porção mineira do Rio Doce apresenta inúmeras oportunidades para liderar a restauração de paisagens e florestas no Brasil, que assumiu a meta voluntária de recuperar 12 milhões de áreas degradadas.
"Além disso, em 2021, inicia-se a Década de Restauração de Ecossistemas da ONU, um reconhecimento da importância da agenda no combate à crise climática global e seus efeitos deletérios sobre produção e sistemas econômicos", afirma Alves, também por meio de nota.
Ainda de acordo com o estudo, há no mundo cerca de dois bilhões de hectares de áreas e florestas degradadas que podem se beneficiar de investimentos públicos e privados para recuperar sua funcionalidade e produtividade. Coincidentemente, essa é também a área necessária para atender à demanda global por alimentos e fibras até 2050. Logo, a restauração de paisagens e florestas é uma das estratégias mais efetivas para atender necessidades fundamentais para o bem-estar da sociedade, tanto local como globalmente.