William Barr deixará a administração de Donald Trump ainda neste mês. Seu último dia no cargo será 23 de dezembro, segundo uma carta que o presidente dos EUA postou nesta segunda-feira (14) em uma rede social.
Trump também confirmou o nome de Jeff Rosen como procurador-geral interino. As novidades foram anunciadas no mesmo dia em que o Colégio Eleitoral dos EUA decretou a vitória de Joe Biden na eleição presidencial.
Acabei de ter um encontro muito agradável na Casa Branca com o procurador-geral Bill Barr. Nossa relação foi muito boa, ele [Barr] tem feito um trabalho excelente! Segundo a carta [de Barr], Bill [Barr] nos deixará antes do Natal para passar o feriado com sua família...
...O procurador-geral adjunto Jeff Rosen, uma pessoa notável, se tornará o procurador-geral interino. O altamente respeitado Richard Donoghue assumirá as funções de procurador-geral adjunto. Obrigado a todos!
Após chegar em 2019 ao governo Trump, em sua segunda passagem como procurador-geral (a primeira havia sido na gestão de George W. Bush), William Barr teve altos e baixos ao longo de sua trajetória como procurador-geral.
Em 2019, ele foi criticado por descaracterizar as conclusões da investigação do Conselho Especial Robert Mueller, sobre a interferência russa no pleito de 2016.
Recentemente, o procurador-geral dos EUA entrou em desalinhamento com o presidente norte-americano por causa de suas tentativas de denunciar a eleição deste ano como fraudulenta.
Um dia após William Barr afirmar que não havia evidência de fraude no pleito norte-americano, Trump postou nas redes sociais um discurso gravado de 46 minutos no qual repetiu suas alegações de que os democratas arquitetaram sua derrota de modo fraudulento. O discurso repetiu reivindicações que foram, inclusive, rejeitadas nos tribunais do país.
Vale lembrar que Barr, de 70 anos, orientou que advogados norte-americanos em todo o país descobrissem se havia fraude significativa na votação após as alegações de Trump e Rudy Giuliani. Antes do pleito, Barr chegou a falar que o voto por correspondência, especialmente durante uma pandemia, com as pessoas temendo ir às zonas eleitorais, era suscetível a fraudes.
A polêmica envolvendo Hunter Biden
Desde sábado (12), a demissão de Barr parecia encaminhada. Trump criticou o procurador-geral publicamente em uma entrevista para a Fox News, dizendo que o William Barr deveria ter divulgado uma investigação tributária sobre Hunter Biden antes da eleição.
No mesmo dia, Trump fez diversas publicações em uma rede social insinuando que Barr e o Departamento de Justiça sabiam de várias investigações sobre Hunter Biden, mas ficaram calados mesmo depois que o advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani, vazou o material do laptop que Biden havia abandonado em uma oficina de computador em Delaware.
O dispositivo contém não apenas imagens gráficas de sexo, mas também informações detalhadas sobre as negociações disputadas de Hunter com a empresa ucraniana Burisma em 2015. Outros supostos e-mails também sugeriram negociações questionáveis com empresários chineses.