O Ministério da Saúde retirou do plano nacional de vacinação contra a COVID-19 os nomes dos pesquisadores que disseram não ter dado anuência ao documento prévio que foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) no último sábado (12).
O documento prévio tinha o nome de mais de 140 pesquisadores que teriam colaborado com a sua produção. Poucas horas após a divulgação deste documento prévio, um grupo de 36 destes pesquisadores emitiu uma nota dizendo não ter sido consultado sobre o esboço do plano de vacinação.
Ethel Maciel, pesquisadora com pós-doutorado em epidemiologia e uma das cientistas que assinou a nota, criticou a atuação do governo federal. Em entrevista à Globonews na tarde desta quarta-feira (16), poucas horas após a apresentação do plano final de vacinação, Maciel disse que se sentiu desrespeitada pelo Ministério da Saúde.
"Esperava até que a gente tivesse formalmente um pedido de desculpas depois de tudo que aconteceu. […] Também não fomos avisados que esse plano seria lançado. Eu já participei de diversos governos, em outros planos de combate a doenças. Eu trabalho com doenças infecciosas há 25 anos e nunca tinha vivido essa situação. Então parece inacreditável, mas essa é a história", disse Maciel.
Maciel disse também ter sido convidada pelo Ministério da Saúde para debater o plano final de vacinação. A reunião foi marcada para duas horas antes do evento de lançamento do plano.
O plano nacional de vacinação contra a COVID-19 foi apresentado na manhã desta quarta-feira (16), sem fornecer datas para a imunização.
O documento prevê quatro grupos de prioridade para receber as vacinas, que juntos totalizam 51 milhões de pessoas. Cada pessoa destes grupos receberá duas doses em um intervalo de 14 dias entre a primeira e a segunda injeções.
A previsão é de que a vacinação dure 16 meses: quatro meses para vacinar todos os grupos prioritários e, em seguida, 12 para imunizar a "população em geral".