Analisando fósseis de um dos primeiros peixes ósseos, chamado Lophosteus, que viveu há mais de 400 milhões de anos, cientistas de universidades da Suécia, França e Estônia descobriram que dentes e estruturas duras, denominadas odontódeos dérmicos, estão evolutivamente relacionados, surgindo do mesmo sistema de desenvolvimento. Os resultados da pesquisa foram publicados na terça-feira (15) na revista científica eLife.
"Acredita-se que os dentes e os odontódeos dérmicos tenham evoluído separadamente porque parecem se desenvolver de maneiras diferentes […]. No entanto, a maior parte do que sabemos se limita aos tubarões modernos, nos quais a diferença entre essas estruturas se tornou muito distinta. Para entender a relação entre as duas mais claramente, precisamos nos voltar para o registro fóssil", afirma em comunicado Donglei Chen, principal autor do estudo.
De odontódeos dérmicos aos dentes modernos
Odontódeos são estruturas duras feitas de dentina, a principal substância do marfim, e são encontradas nas superfícies externas de animais com coluna vertebral. Os dentes são um exemplo de odontódeos, mas alguns animais também os apresentam na pele, como as "escamas" semelhantes a dentes de tubarões. Esses são conhecidos como odontódeos dérmicos.
Fósseis de peixes primitivos revelam origens de desenvolvimento dos dentes. A relação de desenvolvimento entre dentes e odontódeos dérmicos no peixe ósseo mais primitivo, Lophosteus.
A equipe examinou os fósseis de um Lophosteus de 422 milhões de anos. Os cientistas escolheram esse peixe ósseo porque representa um estágio inicial da evolução dentária, aproximando-os do tempo em que os dentes e os odontódeos dérmicos poderiam ter se separado, na esperança de que quaisquer semelhanças de desenvolvimento entre os dois fossem mais óbvias.
Os pesquisadores descobriram que a aparência dos odontódeos era semelhante nos primeiros estágios de desenvolvimento, mas mudaria dependendo se eles crescessem na boca ou no rosto. Isso sugere que havia diferentes sinais químicos em cada área direcionando seu desenvolvimento. Nos estágios posteriores, alguns odontódeos dérmicos se movem do rosto para a boca e começam a se parecer com dentes.
Essas descobertas sugerem que ambos os tipos de odontódeos são capazes de responder aos mesmos sinais que controlam o desenvolvimento um do outro e são feitos pelo mesmo sistema de desenvolvimento, não sistemas separados como se pensava anteriormente.
"Além de lançar luz sobre a evolução inicial de nossos próprios dentes, nossos resultados apontam para uma relação evolucionário-desenvolvimento anteriormente não reconhecida entre dentes e odontódeos dérmicos […]. Isso tem implicações potenciais para a compreensão da sinalização que ocorre durante o desenvolvimento e pode inspirar novas linhas de pesquisa de desenvolvimento em outros organismos", explica Per Ahlberg, coautor do estudo.