Os meninos, vestidos com roupas sujas e esfarrapadas, pareciam atordoados e cansados, mas, por outro lado, aparentavam estar bem quando desceram dos ônibus na cidade de Katsina e caminharam até um prédio do governo, informou a agência Reuters.
Um deles, que não revelou seu nome, disse que os captores lhe ordenaram a descrevê-los como membros do grupo militante islâmico Boko Haram (organização terrorista proibida na Rússia e em outros países), embora suspeitasse que fossem apenas bandidos armados.
"Eles nos agrediam de manhã, todas as noites. Sofremos muito. Eles só nos davam comida uma vez por dia e água duas vezes por dia", disse o jovem à emissora de televisão nigeriana Arise.
Uma semana antes, homens armados em motocicletas invadiram o internato masculino na cidade de Kankara, no estado de Katsina, e levaram centenas deles para uma floresta que se estende por quatro estados do país.
Os serviços de segurança da Nigéria resgataram os rapazes na quinta-feira (17), segundo as autoridades. Contudo, muitos detalhes sobre o incidente permanecem obscuros, incluindo quem foi o responsável, se o resgate foi pago, como a libertação dos meninos foi garantida e se todos eles estão seguros agora.
O sequestro atingiu um país já enfurecido pela insegurança generalizada e evocou memórias do sequestro de 2014, quando mais de 270 meninas foram raptadas de uma escola pelo Boko Haram na cidade de Chibok, no nordeste do país.
Seis anos depois, apenas cerca de metade das meninas foi encontrada ou libertada. Algumas se casaram com combatentes jihadistas, enquanto outras são presumidas como mortas.
Qualquer envolvimento do Boko Haram no sequestro da última sexta-feira (11) marcaria uma expansão geográfica de suas atividades a partir de sua base no nordeste. A região também é infestada por gangues armadas que roubam e sequestram para obter resgate.
Horas antes do anúncio do resgate dos meninos na quinta-feira (17), um vídeo começou a circular pelas redes sociais, que supostamente mostrava militantes do Boko Haram com alguns dos meninos.
Hoje (18), o menino entrevistado pela Arise TV revelou que era um dos que aparecem no vídeo.
"Eles disseram que eu deveria dizer que eles são o Boko Haram e gangues de Abu Shekau", afirmou o jovem à emissora nigeriana, ao se referir ao nome usado pelo líder do Boko Haram. "Sinceramente, eles não são o Boko Haram [...] são apenas um grupo de garotos pequenos com armas grandes", acrescentou.
O presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, se encontrará com os jovens na tarde desta sexta-feira (18) em Katsina. Ontem (17), Buhari enalteceu o trabalho das autoridades estaduais e do Exército nigeriano que resultou no resgate dos estudantes.