O professor de Economia da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV-RJ), Istvan Kasznar, em entrevista à Sputnik Brasil, disse que o montante possui mais do que um valor simbólico.
"Vai ser mais uma ajuda, representará mais um suporte. Mais do que um simbolismo, é uma verba significativa. A internalização desse dinheiro para o nosso país significa capacidade maior de mobilização de uma sociedade que está vivendo em regime de marcha forçada", afirmou.
A operação tinha sido aprovada pela instituição financeira em agosto, mas só foi oficializada nesta segunda-feira (21).
Em um comunicado divulgado à época, Luis Carranza Ugarte, presidente-executivo do CAF, explicou que o empréstimo busca "promover a disponibilidade de recursos públicos para atender aos impactos econômicos e sociais gerados pela pandemia, por meio do pagamento de auxílio emergencial aos cidadãos mais vulneráveis do país".
"Estamos falando de agosto até o dia 21 de dezembro, algo em torno de 120 dias. Não é muito, nós estamos tratando de uma verba de grande valor, é um recurso significativo. Isso envolve negociações, definições contratuais, existe uma processualística bancária de liberação de crédito. Logo não se pode liberar um recurso de qualquer maneira, isso tem impacto na formação do caixa do banco", disse.
Fundado em 1970, o Banco de Desenvolvimento da América Latina é constituído por 19 países e por 13 bancos privados.
Além das negociações e definições contratuais, Kasznar também atribui a demora no envio dos recursos a uma espécie de cautela por parte do banco.
"Esse tempo passado serve para que o banco tenha tido condições de apresentar suficiência para aprovação de uma passagem de recursos adequada que depois vai ser aprovada por auditorias e controladorias", declarou.
Além do Brasil, o CAF já ofereceu aos seus países membros na América Latina uma linha de crédito regional de emergência de US$ 2,5 bilhões (R$ 12,9 bilhões).
"Melhor demorar um pouco mais, mas fazer a operação direito do que apressar, entregar e depois o dinheiro sumir e nós ficarmos todos ao Deus-dará", avaliou Kasznar.
O CAF se soma a outros organismos internacionais que recentemente fizeram empréstimos ao Brasil. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) destinou US$ 750 milhões (cerca de R$ 4 bilhões) para as micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) brasileiras.
Já o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), vinculado ao BRICS, deve conceder empréstimos de até US$ 2 bilhões (R$ 10,3 bilhões) ao Brasil em 2021 para financiar, principalmente, projetos de infraestrutura.
Istvan Kasznar defende empréstimos de organismos internacionais ao país e afirma que essa pode ser uma das frentes de atuação do Ministério da Economia.
"O Brasil precisa buscar com outros órgãos internacionais mais verbas, melhores meios, taxas de juros mais baixas, facilitadas, prazos mais longos e assim por diante", completou.
A equipe econômica brasileira estimou nesta terça-feira (22) que os gastos com a pandemia de COVID-19 custarão R$ 620,5 bilhões aos cofres públicos.