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Brasil recebe poucos empréstimos do Banco do BRICS: 'Pedidos muito mal feitos', diz especialista

Em entrevista à Sputnik Brasil, a colombiana Maria Elena Rodríguez, professora de relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), explica como são investidos os empréstimos do Banco do BRICS e comenta o possível recebimento de dois bilhões de dólares (10,3 bilhões de reais) por parte do Brasil em 2021.
Sputnik

Nesta segunda-feira (21), a diretora do banco do BRICS para Brasil e Américas, Cláudia Prates, disse que o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) deve conceder empréstimos ao Brasil em 2021, em valores que podem chegar a até dois bilhões de dólares (10,3 bilhões de reais).

"A gente espera para o ano que vem um cheque de 1,5 a dois bilhões de dólares [7,7 a 10,3 bilhões de reais] para o Brasil com foco em infraestrutura em geral", disse Prates, segundo a Reuters.

A colombiana Maria Elena Rodríguez, professora de relações internacionais da PUC-Rio, explica que os valores doados pelo NDB devem, por exigência do banco, ser investidos em projetos de desenvolvimento sustentável.

Ela aposta que, uma vez recebido pelo Brasil, o recurso deve ser aplicado em infraestrutura em diversos municípios do país, promovendo melhorias como novas redes de saneamento básico e mobilidade urbana. Os setores de energia, tecnologia da informação, saúde e educação também podem receber financiamento.

"As questões sociais começaram a ganhar muito importância neste ano, sobretudo por conta da crise econômica", avalia Rodríguez.

Rodríguez explica que os empréstimos feitos pelo NBD podem ser aplicados de duas formas distintas: pela negociação direta com empresas privadas ou por linhas de financiamento de bancos. Quando o empréstimo é feito ao Brasil, a maioria das vezes é por meio de acordo feito com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

"O Banco do BRICS faz crédito para o BNDES, que até hoje é o maior operador dos recursos [no Brasil] que vêm deste banco. O BNDES abre uma linha de financiamento que canaliza recursos para setores como água, saneamento, energia e transporte, tanto para agentes do setor privado como do setor público", explica Rodríguez.

Como exemplos de financiamento direto para empresas privadas no Brasil, Rodríguez cita empréstimos feitos para a Vale, que fez obras em linhas férreas e em portos no Pará e no Maranhão, e para a Petrobrás, que aplicou o dinheiro no programa de redução de emissão de gases poluentes em refinarias do Rio de Janeiro e de Minas Gerais.

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Receber empréstimo do banco do BRICS não é, no entanto, algo frequente para o Brasil. Até o início de 2020, o Brasil era o último dentro dos países do bloco em número de projetos aprovados e em valor de investimentos recebidos. Isto se deve, segundo a especialista, por projetos de pedido de empréstimo mal conduzidos.

"O Brasil era criticado por ter um desempenho muito ruim em termos de apresentar projetos bem estruturados para o banco. Eram pedidos muito mal feitos, e o banco acabava ignorando os pedidos de financiamento do Brasil", diz Rodríguez.

No início deste ano, no entanto, o Brasil passou a receber maiores valores do NDS. Rodríguez credita este aumento a dois fatores: à chegada do novo diretor do Banco do BRICS, Marcos Troyjo, que é brasileiro, e à apresentação de melhores projetos.

"O Brasil, muito através do BNDES e das grandes empresas, começou a apresentar muito mais projetos desta linha de desenvolvimento e sustentabilidade", avalia Rodríguez.
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