A virologista chinesa Shi Zhengli, vice-diretora do Instituto de Virologia de Wuhan (IVW), convidou a Organização Mundial ds Saúde (OMS) para visitar laboratório em Wuhan, na China. Em entrevista publicada nesta terça-feira (22), pela BBC, a cientista afirma ainda que não tem "nada a esconder".
Shi Zhengli, que é também conhecida como a "mulher morcego" por sua extensa pesquisa sobre o coronavírus nestes mamíferos, respondeu por e-mail às perguntas da equipe da BBC. A chinesa afirmou que tentou entrar em contato com a OMS por duas vezes. Em ambas as oportunidades, demonstrou certeza de que uma visita ao IVW descartaria qualquer tipo de especulação de que o vírus tenha saído do laboratório.
"Expressei pessoal e claramente que gostaria de recebê-los em uma visita ao IVW. Aceitaria pessoalmente qualquer forma de visita baseada em um processo aberto, transparente, confiável e de diálogo razoável", disse Shi Zhengli, segundo a BBC.
Em maio, quando a COVID-19 já tinha infectado a maior parte dos países do mundo, serviços de inteligência de potências ocidentais, como EUA, Canadá e Reino Unido, criaram um dossiê acusando a China de conhecer o vírus antes de reconhecer sua existência para o mundo.
Além disso, o presidente norte-americano Donald Trump e o secretário de Estado dos EUA Mike Pompeo afirmaram por diversas vezes que a China teria criado o novo coronavírus. Pompeo chegou a dizer que teria "enormes evidências" disto, e que "os melhores especialistas" acreditam que o vírus "foi feito pelo homem".
No dia 22 de novembro, Shi Zhengli divulgou os detalhes de um estudo que comprovam que o surto do novo coronavírus não teve origem em laboratório.
"Todos os resultados de nossas pesquisas são publicados em periódicos ingleses na forma de artigos. As sequências de vírus também são armazenadas no banco de dados GenBank [gerenciado pelos EUA]. É completamente transparente. Não temos nada a esconder", afirmou à BBC Shi Zhengli.
Enquanto as acusações norte-americanas se mostram uma ofensiva contra a China ao estilo da Guerra Fria, Shi Zhengli e o IVW se mostram confiantes a desmentir quaisquer teorias da conspiração que giram em torno da origem do novo coronavírus.
No Brasil, uma das vacinas contra a COVID-19 que está em estágio mais avançado de desenvolvimento é a CoronaVac, criada pela China. No entanto, uma pesquisa do Datafolha divulgada no dia 12 de dezembro mostra que 47% dos brasileiros tomariam uma vacina chinesa, enquanto 50% não tomariam. O Brasil foi o único país a mostrar maioria de rejeição.