Segundo informações do jornal O Globo, ao tomar a decisão, o ministro Luiz Fux disse que, sem o seu conhecimento, o secretário solicitou à Fiocruz uma espécie de reserva de sete mil vacinas contra a COVID-19, furando a fila de prioridades da vacinação. "Sempre fui contra privilégios", afirmou Fux ao anunciar a decisão.
Curiosamente, Luiz Fux havia defendido o STF, no dia 23 de dezembro, pela tentativa de furar a fila de vacinação no Brasil. No dia 30 de novembro, o órgão pediu à Fiocruz que reservasse sete mil doses para imunizar ministros e servidores. O documento foi assinado pelo diretor-geral do Supremo, Edmundo Veras dos Santos Filho.
O ofício justifica o pedido de reserva de imunizantes para o STF e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) alegando que os servidores desempenham "papel fundamental no país", e que muitos deles fazem parte dos chamados grupos de risco.
"Tal ação tem dois objetivos principais. O primeiro é a imunização do maior número possível de trabalhadores de ambas as casas, que desempenham papel fundamental no país e têm entre suas autoridades e colaboradores uma parcela considerável de pessoas classificadas em grupos de risco", diz um trecho do documento.
O ministro ainda complementou dizendo que o tribunal fez o pedido "de forma delicada, ética". A Fiocruz, por sua vez, respondeu que destinaria suas vacinas ao Ministério da Saúde, sem atender a "qualquer demanda específica".
A posse de Fux
Para quem não lembra, a posse de Luiz Fux para presidência do STF foi polêmica. Durante a pandemia da COVID-19 no Brasil, o ministro promoveu um evento na contramão das recomendações sanitárias, uma cerimônia presencial seguida de um coquetel. A festa deixou ao menos dez autoridades infectadas. Além do homenageado, contraíram o vírus o presidente da Câmara e o procurador-geral da República.
A presidente do Tribunal Superior do Trabalho, que entrou na lista dos contaminados, precisou ser transferida para um hospital em São Paulo. Passou 16 dias internada e teve que receber oxigênio por um cateter.