Emirados Árabes Unidos surgem como opção para venda de petróleo da Venezuela após sanções dos EUA

Os Emirados Árabes Unidos, um dos aliados mais próximos dos EUA no Oriente Médio, emergem como clientes da Venezuela no setor petrolífero, e assim, ajudam o país a driblar sanções americanas às exportações de petróleo.
Sputnik

Este ano, três empresas sediadas nos Emirados Árabes Unidos surgiram como grandes compradores do petróleo venezuelano, segundo o relatório da Reuters. As empresas árabes são Muhit Maritime FZE, Issa Shipping FZE e Asia Charm Ltd. No atual cenário vivido pela Venezuela, a aproximação entre os dos países se apresenta como uma opção ao país sul-americano para ter preenchido o vazio que se estabeleceu em seu mercado de petróleo após as sanções norte-americanas.

A empresa Muhit Maritime FZE é uma das três companhias identificadas pela Reuters que embarcaram petróleo e combustível venezuelano durante o segundo semestre deste ano. Desde junho, os petroleiros administrados pela empresa transportaram milhões de barris de petróleo produzidos pela Petróleos da Venezuela (PDVSA, na sigla em espanhol) de acordo com documentos internos e um banco de dados de navegação disponível ao público.

Os embarques das três empresas representaram cerca de 3,9% do total das exportações de petróleo do país sul-americano em 2020 até o dia 18 de dezembro. O petróleo vale aproximadamente US$ 208 milhões (cerca de R$ 1 bilhão) a preço de mercado para o principal produto bruto do país, os barris de petróleo tipo Merey 16. As vendas desse produto bruto fornecem apoio bastante necessário ao governo de Nicolás Maduro, embora não seja possível saber quanto foi adicionado aos cofres do Estado. Geralmente, a PDVSA vende seu petróleo com grandes descontos e parte dos recursos vai para pagar dívidas em vez de gerar caixa.

Emirados Árabes Unidos surgem como opção para venda de petróleo da Venezuela após sanções dos EUA

Os Estados Unidos expandiram as sanções venezuelanas após a reeleição de Maduro em 2018. Em janeiro de 2019, Washington impôs sanções comerciais à PDVSA e às refinarias norte-americanas, que eram as maiores compradoras de petróleo da Venezuela, vetando negociações entre as refinarias e a estatal.

"Estamos acompanhando de perto esses tipos de esforços criativos por parte das empresas [venezuelanas] para evitar sanções. Aqueles por trás de empresas de fachada não seriam sábios se considerassem protegidos de sanções", disse um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA em resposta a perguntas sobre as empresas registradas nos Emirados Árabes Unidos. 

O porta-voz não quis comentar sobre possíveis sanções futuras, mas acrescentou: "Os amigos e adversários dos EUA devem saber que suas empresas, empresas de fachada e petroleiros permanecem vulneráveis ​​a sanções se forem cúmplices de atividades que facilitem as exportações da PDVSA para o exterior e os esforços do regime de Maduro para fugir das sanções".

O governo dos Emirados Árabes Unidos afirmou em um comunicado que "uma investigação completa e abrangente está em andamento. Os Emirados Árabes Unidos levam muito a sério seu papel de proteger a integridade do sistema financeiro global. Isso significa administrar e fazer cumprir ativamente as sanções econômicas e comerciais”, segundo citado no relatório da Reuters.

Após as sanções, as exportações despencaram um terço em 2019, caindo para cerca de um milhão de barris por dia. Em outubro deste ano, se atingiu o nível mais baixo até então: apenas 359 mil barris por dia. Mas Caracas continua tentando mover o petróleo. Em novembro, as exportações diárias quase dobraram, graças ao surgimento de novos clientes pouco conhecidos.

Comentar