Mesmo com oposição norte-americana, UE continua ligada a Rússia e China?

A União Europeia (UE) e a China, duas superpotências geoeconômicas, aproveitam-se da troca de poder entre Trump e Biden para formular um Acordo Integral de Investimentos, mesmo com a oposição dos EUA.
Sputnik

Além disso, os EUA não podem impedir a retomada da construção do gasoduto Nord Stream 2, que havia sido detida pelas sanções de Washington, entre a Alemanha e a Rússia.

As principais potências do mundo movem suas peças para uma melhor posição econômica após a pandemia de COVID-19, e anunciam um Acordo Integral de Investimentos (CAI, na sigla em inglês) entre UE e China, um acordo bombástico assinado a 21 dias da posse de Joe Biden nos EUA.

Após sete anos de negociações, finalmente a China e a UE chegaram ao acordo "épico" do Tratado Bilateral de Investimentos (BIT, na sigla em inglês) entre as duas gigantes economias, segundo o jornal Global Times.

A mídia china acredita que este se trata de "outro grande trunfo para o multilateralismo depois de um gigantesco acordo comercial da China com outras 14 economias da região da Ásia-Pacífico".

O especialista da Academia de Ciências Sociais da China, Zhao Junjie, ressaltou as necessidades da Europa dos capitais chineses para combater a COVID-19 e "revitalizar sua economia".

"A UE está atrás da China em termos de economia digital, como a computação na nuvem, porém pode fornecer experiência nas indústrias verdes como as emissões de carbono", afirmou.

O acordo é considerado uma grande vitória, já que a UE, que conta com 27 países, 448 milhões de habitantes e com um PIB de US$ 15,6 bilhões (R$ 81 bilhões) necessita do complemento geoeconômico com a China, que possui um PIB nominal de US$ 14,9 bilhões (R$ 77,3 bilhões), com uma população de 1,4 bilhão de pessoas.

Isso deixa clara a opção da UE pela China, enquanto congela suas negociações comerciais futuras com os EUA, que ostentam uma severa recessão.

Hoje, os investimentos da União Europeia na China chegam a € 150 bilhões (R$ 945 bilhões), enquanto os chineses na União Europeia correspondem a US$ 113 bilhões (R$ 586 bilhões).

"A China agora é o segundo maior parceiro comercial do bloco europeu depois dos EUA, enquanto a UE é a principal parceira comercial da China", afirma a agência de notícias AP.

Mesmo com as "ameaças e sanções dos EUA", que vendem seu gás mais caro que a Rússia, o navio russo Fortuna retomou a "construção do último trecho nas águas alemãs através do mar Báltico".

Até a gora, "94% do gasoduto russo foi completado, e poderá levar 55 bilhões de metros cúbicos de gás por ano à Europa, a um custo consideravelmente menor que o dos EUA".

Às vésperas do acordo entre a UE e China, Jake Sullivan, próximo assessor de Segurança Nacional de Biden, advertiu seus "parceiros europeus" sobre as "preocupações comuns nas práticas econômicas da China".

Nove dias depois, a UE, bem como a Alemanha, ignorou o assessor norte-americano e suas ameaças.

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