Ainda não está claro se a China cobrará dos cientistas estrangeiros pelo serviço. A colaboração científica entre China e o Ocidente, especialmente com os Estados Unidos, foi interrompida por tensões políticas entre os lados nos últimos anos. Porém, astrônomos chineses esperam que o telescópio possa se tornar uma nova plataforma para cooperação internacional, escreve o South China Morning Post.
A equipe do FAST já colabora com Breakthrough Listen, um projeto de US$ 100 milhões (cerca de R$ 5,2 bilhões) lançado pelo empresário russo-israelense Yuri Milner para buscar formas de vida inteligentes.
Com a decisão desta segunda-feira (4), os pesquisadores interessados em usar o telescópio, que fica na região sudoeste de Guizhou, podem enviar suas propostas ao Observatório Astronômico Nacional, em Pequim, a partir de 1º de abril.
A importância do FAST
A China é, atualmente, o único país do mundo que opera um telescópio gigante, após o colapso do equipamento de Arecibo, em Porto Rico, resultado de furacões na região e da falta e manutenção adequada.
Arecibo, construído pelos EUA, foi usado por cientistas de todo o mundo para diversos fins, tais como a observação de objetos espaciais e a busca de vida inteligente, tendo emitido o primeiro sinal de rádio interestelar, destinado a ser captado por eventuais civilizações fora de nosso planeta. Suas últimas descobertas foram os misteriosos sinais espaciais detectados em 2016.
O diferencial do FAST é que ele pode interceptar sinais que outros radiotelescópios não conseguem, possivelmente incluindo ondas de rádio geradas por extraterrestres. Por meio dele, a China já detectou alguns exoplanetas próximos ao nosso sistema solar que podem ser capazes de sustentar vida.
Em um experimento realizado em 2019, o telescópio se concentrou no GJ273b, um planeta com cerca de três vezes o tamanho da Terra e a 12 anos-luz de distância.
A observação durou apenas cerca de cinco minutos, mas os cientistas fizeram uma descoberta importante: eles calcularam que se uma civilização alienígena construísse uma antena de 70 gigawatts e enviasse sinais para a Terra, ela poderia ser detectada pelo FAST, e vice-versa.
A equipe chinesa também planeja usar o telescópio para pesquisar formas de vida alienígena mais distantes, que podem estar usando tecnologia muito superior à nossa.