A secretária da Educação da administração de Donald Trump, Betsy DeVos, informou na quinta-feira (7) que está demitindo-se devido ao motim de quarta-feira (6) no Capitólio dos EUA, em Washington. Horas antes, secretária dos Transportes, Elaine Chao, afirmou que está deixando o cargo na segunda-feira (11).
DeVos apresentou uma carta de renúncia a Trump em que chama os eventos de quarta-feira (6) de "inescrupulosos para o nosso país".
"Não há dúvidas sobre o impacto que sua [Trump] retórica teve sobre a situação, e é o ponto de inflexão para mim […]. Crianças impressionáveis estão assistindo a tudo isso e aprendendo conosco. Acredito que cada um de nós tem a obrigação moral de exercer o bom senso e modelar o comportamento que esperamos que imitem. Elas devem saber por nós que a América é maior que o que aconteceu ontem [quarta-feira]", afirma a agora ex-secretária do gabinete do presidente Trump, citada pela emissora CNN.
Chao, por sua vez, anunciou em comunicado que renunciará na segunda-feira (11) e que está "profundamente preocupada" com os eventos "totalmente evitáveis" no Capitólio.
Tem sido a honra de uma vida inteira servir ao Departamento de Transporte dos EUA
Mais renúncias
Elinore F. McCance-Katz, secretária assistente do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, também renunciou na quinta-feira (7), escrevendo em sua carta de demissão que planejava permanecer até o próximo governo, mas seus "planos mudaram abruptamente" na noite de quarta-feira (6). "Acredito que esse comportamento foi totalmente inaceitável e, no meu coração, simplesmente não sou capaz de continuar", escreveu McCance-Katz, afirma a mídia.
Anthony Ruggiero, diretor sênior de contraproliferação e biodefesa do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, também renunciou na quinta-feira (7) em protesto contra o incitamento do presidente aos protestos de apoiadores no Capitólio, segundo a emissora. Ruggiero lidera a política do conselho para a Coreia do Norte e é um especialista importante na região do Leste Asiático.
Matt Pottinger, vice-conselheiro de segurança nacional de Trump, renunciou na quarta-feira (6) à tarde. Stephanie Grisham, ex-diretora de comunicações da Casa Branca e secretária de imprensa e atual chefe de gabinete da primeira-dama Melania Trump, a secretária social da Casa Branca Anna Cristina "Rickie" Niceta, e a vice-secretária de imprensa, Sarah Matthews também renunciaram na quarta-feira (6), com efeito imediato, disseram funcionários da Casa Branca à CNN.
O motim no Capitol também gerou saídas fora da administração Trump. O chefe da Polícia do Capitólio afirmou que renúncia a partir de 16 de janeiro. A presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, disse que o responsável pela segurança na Câmara, Paul Irving, estava apresentando sua renúncia, enquanto o chefe da segurança do Senado, Michael Stenger, apresentou sua própria renúncia na quinta-feira (7), segundo a uma declaração do líder da maioria no Senado, o republicano Mitch McConnell.
A invasão do Capitólio
Em discurso inflamado em frente à Casa Branca, na quarta-feira (6), Trump encorajou seus apoiadores a irem ao Capitólio, onde senadores se reuniam para certificar os resultados do Colégio Eleitoral, que deram a vitória ao presidente eleito dos EUA, o democrata Joe Biden.
Após a invasão, Trump, em um discurso em vídeo publicado nas redes sociais, condenou as ações violentas que ocorreram no Capitólio dos EUA e reconheceu que uma "nova administração seria inaugurada" no dia 20 de janeiro. O presidente dos EUA também afirmou que os manifestantes que infringiram a lei durante o incidente pagarão o preço legal por isso.
O presidente Trump chegou a ter seu acesso ao Twitter bloqueado devido às postagens em que reiterou o discurso de fraude eleitoral. O mesmo ocorreu no Facebook e no Instagram, onde suas contas estão bloqueadas.