Em 2015, um dos autores do estudo, o professor Daniel Watterson, declarou que sua equipe descobriu que estes anticorpos eram capazes de melhorar as taxas de sobrevivência de ratos de laboratório infectados com o zika.
Agora, os cientistas conseguiram demonstrar pela primeira vez que "um único anticorpo da proteína NS1 pode proteger contra múltiplos flavivírus, entre estes a dengue, o zika e o vírus do Nilo Ocidental", disse o cientista à revista Medical Xpress.
O pesquisador ressaltou que é pela primeira vez que um anticorpo mostra uma gama tão ampla de proteção e qualificou como "realmente inesperada" a eficácia do uso deste anticorpo, em comparação com o tratamento atual.
No artigo com os resultados do estudo, publicado na revista Science, Watterson e seus colegas explicaram que, em muitos casos, os anticorpos dirigidos contra a membrana em torno do vírus podem agravar os sintomas da doença, um fenômeno conhecido como amplificação da infecção dependente de anticorpos (ADE, na sigla em inglês). Este fenômeno impediu o lançamento em grande escala da primeira vacina contra a dengue.
No entanto, revelou-se que os anticorpos da NS1 não causam a ADE, o que permite criar vacinas seguras e de amplo espectro contra vários flavivírus. O principal autor do estudo, Naphak Modhiran, afirmou que a descoberta também ajudará a criar uma espécie da "linha de defesa" contra hipotéticos surtos epidêmicos em todo o mundo.
Outro cientista, Paul Young, relembrou que os anticorpos deste tipo foram descobertos há mais de três décadas e, desde então, contribuíram para uma melhor compreensão da biologia da dengue e melhorias do diagnóstico da doença. "É ótimo ver como eles se tornam agora um padrão potencial para o tratamento", disse ele sobre os resultados do estudo.