Cerca de 100 diplomatas dos EUA estão instando Mike Pompeo, secretário de Estado norte-americano, a condenar o presidente Donald Trump pelos acontecimentos violentos ocorridos em Washington na quinta-feira (7), de acordo com um memorando obtido pela emissora CNN.
"O Departamento de Estado deve denunciar explicitamente o papel do presidente Trump neste violento ataque ao governo dos EUA", e "deveria também mencionar o presidente Trump pelo nome", aponta o memorando.
Segundo o documento, "é fundamental que nós [diplomatas dos EUA] comuniquemos ao mundo que, em nosso sistema, ninguém, nem mesmo o presidente, está acima da lei ou imune à crítica pública".
Os funcionários acusaram Trump de "encorajar" seus apoiadores "a invadir o Capitólio dos EUA", o que causou "[...] danos incalculáveis ao nosso sistema democrático e à nossa imagem no exterior". O memorando afirma que o presidente norte-americano desempenhou "um papel fundamental na quebra da série de 220 anos de transferência pacífica de poder entre os partidos políticos durante as eleições dos EUA".
"O incitamento à violência pelo presidente Donald Trump contra a certificação de eleições livres e justas dos Estados Unidos é inaceitável e incompatível com nossas leis, os valores democráticos e as liberdades fundamentais protegidas, consagradas em nossos documentos fundadores, e nossa longa tradição de uma transferência de poder pacífica e ordenada", diz o documento.
A orientação, a enviar aos escritórios de imprensa do Departamento de Estado e às embaixadas e consulados dos EUA no mundo todo, não deve incluir citações de Trump sobre o episódio, "pois ele não é uma voz confiável sobre este assunto", recomendam.
Episódio do Capitólio
Na sexta-feira (6), apoiadores de Trump invadiram o Congresso dos EUA para protestar contra a certificação dos votos no democrata Joe Biden no Colégio Eleitoral, que prevaleceu sobre o ainda presidente nas eleições de 3 de novembro. Eles lutaram com a polícia durante várias horas, levando à morte de um policial e de quatro dos manifestantes.
Na quinta-feira (7), Trump se comprometeu a fazer uma transição "suave" de poder no país, denunciando a invasão do Capitólio no dia anterior por seus partidários, dizendo que estava "indignado" com a violência e o caos que ocorreu, apesar de ter apelado à ordem e respeito pelos policiais durante o evento.