Cinco cobras da espécie Boiga irregulares, popularmente conhecida como cobra-arbórea-marrom, foram avistadas escalando cilindros de metal verticais de cerca de 15 centímetros a 20 centímetros de diâmetro em Guam, ilha não incorporada dos EUA no Pacífico. Para fazer isso, como mostra o vídeo abaixo, as cobras enrolaram seus corpos ao redor do cilindro e enlaçaram a cauda em torno da barriga, permitindo que se mexessem para cima para alcançar a presa, que estava no topo do cilindro. Esse novo modo de locomoção das cobras foi detalhado em um artigo publicado na segunda-feira (11) na revista científica Current Biology.
Cobra-arbórea-marrom encontra uma nova maneira de escalar, transformando-se em um laço para escalar os cilindros verticais. Julie Savidge e Bruce Jayne relatam suas descobertas em Current Biology
O movimento foi detectado pela primeira vez quando os pesquisadores estavam desenvolvendo locais de nidificação seguros para pássaros nativos em Guam. Eles usaram uma caixa de pássaros empoleirada no topo de um cilindro vertical, cercado por um defletor de metal liso para defender os pássaros contra predadores.
"O entrelaçado dessa forma de laço é efetivamente onde toda a ação está, porque esse laço aperta o cilindro para evitar que a cobra escorregue", explica ao portal New Scientist Bruce Jayne, coautor do estudo.
A locomoção por laço permite que as cobras alcancem presas que de outra forma não poderiam ser obtidas, mas parece ser energeticamente exigente, já que fazem várias pausas ao escalar. "Eu estimei que, por cima, levaria cerca de duas horas para percorrer três metros com esse tipo de movimento", comenta Julie Savidge, autora principal da pesquisa.
Gordon Rodda, do Serviço Geológico dos EUA, está encarregado de controlar as cobras invasoras em Guam e afirma que elas são boas em escalar postes de energia e já causaram apagões em Guam e no Havaí, EUA. "Este novo trabalho fornece inteligência acionável para projetar sistemas de energia que sejam impermeáveis às cobras, uma grande recompensa para um projeto de pesquisa comparativamente pequeno", comenta Rodda.