A Palestina realizará eleições parlamentares em maio e presidenciais em julho, disse na sexta-feira (15) Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina.
Trata-se das primeiras eleições realizadas desde as parlamentares de 2006, devendo ocorrer novamente em 22 de maio. A última votação presidencial, por sua vez, foi concluída em 2005, tendo sido agendada novamente para 31 de julho de 2021. No entanto, houve eleições locais em 2012 e 2017.
"O presidente instruiu o Comitê Eleitoral e todos os aparelhos estatais a lançarem um processo eleitoral democrático em todas as cidades do país", diz o decreto emitido pela Autoridade Palestina em referência à Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental.
As facções palestinas aparentam ter apresentado uma frente unida, com Hamas, o principal rival político palestino de Abbas, aprovando o passo.
"Temos trabalhado nos últimos meses para resolver todos os obstáculos para que possamos chegar a este dia", diz um comunicado do Hamas, exigindo eleições justas, nas quais "os eleitores podem expressar sua vontade sem restrições ou pressões".
Citado pela agência Reuters, o especialista Hani Habib interpretou o anúncio "como se os palestinos estivessem dizendo à nova administração dos EUA [de Joe Biden]: estamos prontos para colaborar" em negociações, depois da política pró-israelense conduzida pela administração de Donald Trump e a normalização de relações entre vários países árabes e Israel através dos Acordos de Abraão terem isolado os grupos palestinos.
Ao mesmo tempo, Hani al-Masri, outro analista, duvida que as eleições vão se realizar, citando divisões internas entre as organizações Fatah, à qual Abbas pertence, e Hamas, bem como a oposição dos EUA, Israel e União Europeia à participação do Hamas, que eles consideram um grupo terrorista.
As eleições legislativas de 2006 foram vencidas pelo Hamas, que se aliou ao Fatah na Faixa de Gaza. No entanto, o acordo colapsou pouco depois, deixando o controle da Cisjordânia e da Organização para a Libertação da Palestina sob Abbas.