O julgamento é acompanhado com atenção pela imprensa francesa, uma vez que espera-se que o processo crie uma "jurisprudência" e contribua para a criação de um crime internacional que está sendo chamado de "ecocídio".
Tran To Nga, de 79 anos, nasceu na Indochina francesa e lutou pela independência do país, antes de se unir ao Vietnã do Norte. Ela afirma ter sido contaminada pela utilização massiva de pesticidas pelo Exército dos EUA, e denunciou as empresas que fabricavam o produto, entre elas Dow Chemical e a Bayer-Monsanto, escreve a Rádio França Internacional.
Neste contexto, juristas ouvidos pela reportagem relembraram que ex-combatentes norte-americanos, australianos e coreanos que participaram da guerra do Vietnã, do Laos e do Camboja, foram indenizados durante processos realizados entre 1987 e 2013.
"O reconhecimento das vítimas civis vietnamitas criará um precedente jurídico" se a responsabilidade das multinacionais for reconhecida, disse, na quinta-feira (22), à imprensa francesa, Valérie Cabanes, advogada especialista em direito internacional citada pela reportagem.
Tran To Nga afirma sofrer patologias "características" de uma exposição ao "agente laranja", como diabetes de tipo dois e uma alergia à insulina "raríssima". Seus filhos e netos também sofrem de más-formações cardíacas, acrescentou. "Não é por mim que luto", declarou, "mas por meus filhos" e "milhões de vítimas". Ela lembrou que quatro milhões de pessoas foram expostas ao agente laranja no Vietnã, Laos e Camboja, segundo estimativas de ONGs que defendem essas vítimas.
O lado das empresas
A Bayer sustenta que o governo dos EUA é o único responsável neste processo, já que o "agente laranja" foi "fabricado sob a direção única do governo norte-americano para fins exclusivamente militares, estabelecendo as condições de fabricação e determinando quando, onde e como seria utilizado".