Defesa antiaérea não ajudará: como serão futuros mísseis hipersônicos do Pentágono?

Programa norte-americano de mísseis hipersônicos Operational Fires (ou OpFires) entrou em uma fase final: os testes de voo são agendados para o próximo ano. Um jornalista militar russo Andrei Kots revela os fatos sobre estas novas armas dos EUA.
Sputnik

O novo armamento está sendo desenvolvido pela Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa (DARPA, na sigla em inglês) e pela companhia Lockheed Martin.

Ameaça móvel

O análogo russo mais semelhante a esse projeto, segundo especialistas, é o sistema de mísseis táticos Iskander-M. No entanto, os norte-americanos afirmam que seu produto é muito melhor e mais mortal. Sabe-se que o novo armamento será móvel: os lançadores serão montados em chassi de caminhão. O alcance do míssil é de 1,6 mil quilômetros. O bloco hipersônico C-HGB é capaz de atingir uma velocidade cinco vezes maior que a do som e também manobrar em rumo e altitude. Considera-se que esta munição é impossível de interceptar.

Além disso, o sistema pode ser transferido rapidamente para diferentes posições de lançamento. Os especialistas da Lockheed Martin já estão desenvolvendo um novíssimo sistema de orientação da ogiva que permita atingir os objetivos móveis de pequenas dimensões.

Hoje em dia, o sistema de mísseis terrestres com maior alcance dos EUA é o sistema MGM-140 ATACMS com alcance de 270 quilômetros. Mas isso é insuficiente para enfrentar Moscou na Europa, uma vez que os Iskander-M possuem capacidade de alcançar alvos a 500 quilômetros de distância.

Defesa antiaérea não ajudará: como serão futuros mísseis hipersônicos do Pentágono?

Os especialistas norte-americanos admitiram repetidamente que Washington está atrasado nas tecnologias referidas não apenas de Moscou, mas também de Pequim. O atraso deveria ser reduzido na primeira metade dos anos 2020: espera-se que OpFires entrem em serviço no Exército após 2023.

No mar e em terra

Mais um projeto ambicioso de mísseis hipersônicos da empresa Lockheed Martin é Long Range Hypersonic Weapon (LHRW, na sigla em inglês). Esta arma seria um míssil balístico universal de combustível sólido AUR de alcance médio e com bloco de combate C-HGB, igual ao do programa Operational Fires.

O LHRW atinge velocidade superior a Mach 5. O alcance não foi revelado, mas os especialistas falam de três ou quatro mil quilômetros. Não se pode excluir que os norte-americanos, que já não estão limitados pelo Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, estejam desenvolvendo este míssil para o instalar na Europa, donde este poderia atingir qualquer alvo militar na parte europeia da Rússia. Adicionalmente, os EUA têm planos quanto à China. Para dissuasão do país asiático, eles tencionam criar uma versão do míssil AUR para baseamento marítimo.

Para aviação de 1ª linha

Em resposta ao surgimento na Rússia do míssil hipersônico de baseamento aéreo Kinzhal, os EUA iniciaram uma série de programas de criação de armamentos análogos para os aviões da Força Aérea. Em março de 2019, o Pentágono celebrou um contrato com a empresa Raytheon, de US$ 63 milhões (R$ 344 milhões) no valor total, para o míssil hipersônico tático ar-terra TBG com um bloco de combate planador de até 920 quilômetros de alcance.

Os especialistas acham que o míssil do projeto TBG será bastante compacto, o que permitirá o suspender em aviões táticos. Os EUA pretendem equipar com mísseis hipersônicos todos seus caças-bombardeiros.

Lançamento falho

Considera-se que o principal concorrente deste programa é o projeto conjunto da Lockheed Martin e Raytheon chamado HAWC (Hypersonic Air-breathing Weapon Concept). Trata-se de um míssil hipersônico de baseamento aéreo capaz de atingir velocidades de até Mach 10. O armamento é altamente secreto, mas sabe-se que com este serão equipados bombardeiros estratégicos. No entanto, estão sendo consideradas possibilidades de equipar com HAWC os caças F-35 de quinta geração. Porém, o programa enfrentou dificuldades imprevistas: em 25 de dezembro de 2020, o primeiro lançamento de teste desde um avião falhou.

Defesa antiaérea não ajudará: como serão futuros mísseis hipersônicos do Pentágono?

Todos estes projetos significam que Washington tenta alcançar Moscou e Pequim quanto às armas hipersônicas, não poupando meios financeiros. Contudo, no momento em que os primeiros mísseis norte-americanos apenas começarão a ser fabricados em série, a Rússia já terá disponíveis e em plena atividade os sistemas Avangard, Kinzhal, Tsirkon e algo mais – como os sistemas S-500, cujo lançamento está agendado para 2022 e que serão capazes de interceptar mesmo alvos hipersônicos.

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