Estas cobras não usam seu veneno para matar vítimas e cientistas descobrem o porquê

Cientistas estudaram cobras cuspideiras, chegando à conclusão que algumas cobras realmente desenvolveram seu veneno especificamente para afastar potenciais predadores, incluindo os humanos.
Sputnik

O veneno de algumas das cobras surgiu para afastar predadores e não para os matar, afirma um estudo publicado na revista Science.

Depois de surgir entre 80 e 60 milhões de anos atrás, o veneno das serpentes tem mudado, dependendo das espécies, para se adaptar às necessidades de cada uma.

Os cientistas apontam as cobras cuspideiras e najas cuspideiras como espécies que são capazes de esguichar seu veneno longe o suficiente para apanhar uma pessoa incauta, que corroem a córnea, causando dor intensa e cegueira em caso de dose alta. "[...] Os venenos de cobras cuspideiras são mais eficazes em causar dor do que seus equivalentes não cuspidos", relatou a neurofarmacologista Irina Vetter, da Universidade de Queensland, na Austrália, de acordo com o portal Scimex.

As cobras desenvolveram a capacidade de ejetar veneno há dezenas de milhões de anos. Os pesquisadores usaram técnicas de datação molecular nos genomas de uma série de cobras e estabeleceram que as cobras cuspideiras africanas adquiriram essa capacidade entre 10,7 e 6,7 milhões de anos atrás, enquanto as da Ásia fizeram o mesmo quatro milhões de anos depois. As najas cuspideiras, por sua vez, provavelmente aprenderam a cuspir seu veneno há não mais de 17 milhões de anos, quando se separaram das cobras cuspideiras.

Esse comportamento evoluiu como mecanismo de defesa contra predadores, provavelmente como resposta a humanos que se aproximavam e tentavam atacar essas serpentes, devido a evidências de que as serpentes teriam influenciado a neurobiologia e o comportamento dos primatas, teorizam os pesquisadores, apesar de não terem comprovado ainda a hipótese.

"É intrigante pensar que nossos ancestrais possam ter influenciado a origem desta arma química defensiva em cobras", comentou o especialista Nick Casewell, da Universidade de Liverpool, Reino Unido.

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