Grupo liderado por ex-CEO do Google pede para Biden lidar com 'competição assimétrica' da China

Guerra de tecnologia entre Washington e Pequim deve se intensificar, com grupo de influentes figuras da tecnologia dos EUA pedindo ao governo Biden ação contra a China.
Sputnik

Um grupo formado por figuras proeminentes e profissionais de tecnologia dos EUA, liderado por um ex-CEO do Google, Eric Schmidt, produziu um relatório em que pede que Washington tome uma atitude em relação à "competição assimétrica" da China quando se trata de tecnologia, e afirma que um certo grau de "bifurcação" seria do interesse dos norte-americanos.

"A liderança tecnológica da América é fundamental para sua segurança, prosperidade e modo de vida democrático. Mas essa vantagem vital está agora em risco, com a China avançando para ultrapassar os EUA em áreas críticas […]. Soluções políticas urgentes são necessárias para renovar a competitividade norte-americana e sustentar vantagens tecnológicas críticas dos EUA", lê-se no documento, reproduzido pelo jornal South China Morning Post.

O relatório foi produzido pelo Grupo de Estratégia para China (CSG, na sigla em inglês), que foi formado em julho de 2020 para lidar com "as questões mais difíceis em relação à competitividade dos EUA com a China em tecnologia".

O novo documento ressalta que a China "segue um conjunto diferente de regras que permitem que ela se beneficie da espionagem corporativa, vigilância iliberal e uma linha tênue entre o setor público e privado".

Redes sociais

O relatório afirma que as plataformas digitais devem ser analisadas por dois ângulos: a implicação estratégica e o valor comercial. Mecanismos de busca, redes sociais, lojas de aplicativos e aplicativos de mensagens, por exemplo, têm alto valor estratégico e comercial, enquanto os videogames e os sites de comércio eletrônico, embora gerem grandes receitas, têm pouca importância estratégica, ressaltam os autores.

Grupo liderado por ex-CEO do Google pede para Biden lidar com 'competição assimétrica' da China

O CSG argumenta que banir as plataformas, como a administração Trump quis fazer com o aplicativo chinês de compartilhamento de vídeo TikTok, deveria ser o "último recurso", porque tal ação poderia desencadear uma retaliação por parte de Pequim que só prejudica os interesses dos EUA.

Em vez disso, Washington deveria tentar abordagens alternativas, como "aceitação da dependência de uma plataforma chinesa" se essa plataforma puder atender a certos requisitos, concessões negociadas com o governo chinês ou aplicar tecnologias para mitigar potenciais riscos.

Embora não se saiba se o governo Biden aceitará as recomendações, o documento reflete o reconhecimento de que Washington deve desenvolver uma abordagem sistemática para lidar com a concorrência da China.

"À medida que buscamos evitar níveis desnecessários e contraproducentes de separação, devemos também reconhecer que algum grau de desemaranhamento é inevitável e preferível […]. Na verdade, as tendências em ambos os países […] inerente e necessariamente levam a algum tipo de bifurcação", refere o relatório.

Resposta chinesa

A China precisará responder aumentando o investimento em ciência e tecnologia, atraindo talentos globais e melhorando seu sistema de ensino superior para fomentar a inovação, afirma Jing Vivian Zhan, professora Universidade Chinesa de Hong Kong.

Por sua vez, Wang Yong, professor da Universidade de Pequim, disse que a China aprendeu uma lição cara nos últimos quatro anos: "os EUA são um fornecedor pouco confiável de alta tecnologia e componentes técnicos essenciais […]. É difícil contar com os EUA. Como tal, a China deve ter uma força independente e inovadora".

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