Usando dados do rover Curiosity, da agência espacial norte-americana NASA, cientistas descobriram que, há mais de três bilhões de anos, Marte era muito provavelmente um planeta com clima parecido com o da Islândia. Os resultados foram publicados na semana passada na revista científica JGR Planets.
Desde 2012, o rover Curiosity tem explorado a cratera Gale, formada há cerca de 3,5 mil anos e com 150 km de diâmetro, em busca de pistas sobre como eram as condições no Plante Vermelho há cerca de três bilhões de anos, quando Marte estava mais quente e úmido.
Após comparar as evidências coletadas pelo Curiosity com dados da Terra, os cientistas concluíram que o terreno basáltico da Islândia e as baixas temperaturas desse país são o mais próximo que existia em Marte antigamente. A semelhança entre formações com mais de três bilhões de anos em Marte e sedimentos encontrados em rios e lagos na Islândia hoje foi realmente surpreendente para a equipe.
"A Terra forneceu um excelente laboratório para nós neste estudo, onde poderíamos usar uma variedade de locais para ver os efeitos de diferentes variáveis climáticas no intemperismo, e a temperatura média anual teve o efeito mais forte para os tipos de rochas na cratera Gale. A variedade de climas na Terra nos permitiu calibrar nosso termômetro para medir a temperatura de Marte antigamente", afirma em comunicado Kirsten Siebach, coautora do estudo.
A semelhança só é possível porque as rochas em Marte sofreram muito pouco desgaste nos últimos três bilhões de anos.
"À medida que a água flui através das rochas para erodi-las […], ela dissolve os componentes químicos mais solúveis dos minerais que formam as rochas. Em Marte, vimos que apenas uma pequena fração dos elementos que se dissolvem mais rapidamente foram perdidos da lama em relação às rochas vulcânicas, embora a lama tenha o menor tamanho de grão e geralmente seja a mais intemperizada", explica Siebach.
Os resultados também indicam que o clima no Planeta Vermelho mudou ao longo do tempo de condições semelhantes à Antártica para se tornar mais "islandês", enquanto os processos fluviais continuaram a depositar sedimentos na cratera. Esta mudança mostra que a técnica usada neste estudo pode ser utilizada novamente para ajudar a rastrear as mudanças climáticas que ocorreram em Marte há bilhões de anos.