Militares tomaram o poder de Mianmar na segunda-feira (1º) e destronaram Aung San Suu Kyi, ganhadora do Nobel, juntamente com outros líderes da Liga Nacional para a Democracia por alegações de "fraude eleitoral" nas eleições de novembro, após o partido obter oficialmente 83% dos lugares no Parlamento nacional.
Além disso, membros das Forças Armadas birmanesas impuseram estado de emergência por um ano.
Desde 2012, houve vários golpes de Estado em que as Forças Armadas tomam as rédeas do destino das nações.
Mali
Em 18 de agosto de 2020, militares malineses provocaram um motim no Mali em uma base militar perto da capital, Bamako, exigindo reformas políticas, uma transição de poder e uma nova eleição geral, e raptando para isso vários altos funcionários, incluindo o presidente Ibrahim Boubacar Keita e o primeiro-ministro Boubou Cissé.
Em 19 de agosto, Keita anunciou renúncia do governo e dissolução do Parlamento. Os líderes golpistas declararam a formação de um Comitê Nacional de Salvação do Povo, chefiado pelo coronel Assimi Goita, fecharam as fronteiras do país e impuseram um toque de recolher. No dia 27 de agosto, Keita foi libertado.
Após negociações com líderes políticos e representantes da sociedade civil, em 12 de setembro, os militares do Mali aprovaram uma "lei básica e um roteiro para o período de transição", e, em 25 de setembro, o ex-ministro da Defesa do Mali, Ba N'Ddaou, se tornou presidente, justificando ser interinamente, até a transição, com o coronel Assimi Goita assumindo a vice-presidência.
Sudão
Após meses de comícios antigovernamentais maciços, Omar al-Bashir, presidente do Sudão, foi deposto e preso pelos militares em 11 de abril de 2019.
O chefe de Estado do Sudão foi condenado a dois anos de prisão por múltiplas acusações de corrupção e processado pelo golpe militar de 1989 que o levou ao poder permanente desde então.
Em maio de 2019, al-Bashir foi acusado de incitamento e envolvimento no assassinato de manifestantes nos meses anteriores, bem como de fraude financeira, antes do início de sua pena de prisão.
Zimbábue
Em 15 de novembro de 2017, militares do Zimbábue forçaram o presidente Robert Mugabe a renunciar a um governo que vinha dominando terras zimbabuanas desde 1980, após confiná-lo em prisão domiciliar. Essa ação foi amplamente vista como uma tentativa de evitar que a esposa do presidente, Grace, o sucedesse na liderança. Emmerson Mnangagwa, o vice-presidente do Zimbábue, interveio para ocupar o cargo.
Em 6 de setembro de 2019, Robert Mugabe morreu em um hospital em Singapura aos 95 anos de idade.
Burkina Faso
Em 16 de setembro de 2015, membros do Regimento de Segurança Presidencial (RSP) burquinês, uma unidade militar autônoma formada sob o presidente Blaise Compaoré, detiveram o governo de Burkina Faso, incluindo o presidente interino Michel Kafando, o primeiro-ministro Yacouba Isaac Zida (ex-comandante adjunto do RSP), e muitos outros membros do gabinete.
O governo interino havia sido formado após a revolta de 2014, quando um movimento popular derrubou o presidente de longa data Compaoré, que ele mesmo havia subido ao poder após um golpe de Estado de 1987.
Os políticos capturados em 2015 foram mais tarde libertados, e os líderes do golpe e as tropas legalistas fizeram um acordo para evitar a violência na capital, Ouagadougou.
Tailândia
Após enormes manifestações durante anos a favor e contra o clã político Shinawatra, com confrontos de rua, em maio de 2014 a Tailândia teve um golpe militar lançado sob o slogan da reconciliação nacional. Thaksin Shinawatra e sua irmã Yingluck, que serviram ambos como primeiros-ministros, foram expulsos.
O general Prayuth Chan-Ocha, que liderou o golpe, assumiu o comando do Conselho Nacional de Paz e Ordem (NCPO, na sigla em inglês), um governo militar com poderes legislativos. Um parlamento interino, composto por legisladores designados pelo NCPO, tem operado no país com um gabinete controlado pelo NCPO.
Apesar de proibir qualquer atividade política para suprimir a crescente oposição e crítica, em dezembro de 2018 o NCPO cancelou restrições às reuniões públicas e atividades políticas para que os partidos políticos pudessem realizar campanhas eleitorais. Eleições parlamentares foram realizadas na Tailândia em 24 de março de 2019.
Egito
Em 2012, a Irmandade Muçulmana (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) conseguiu utilizar a situação política instável no Egito após a queda do ex-presidente Hosni Mubarak em 2011, nomeando seu membro Mohamed Morsi para as eleições presidenciais daquele ano.
No entanto, uma onda crescente de descontentamento popular em julho de 2013, causada pela liderança da organização, levou o general Abdul Fatah al-Sisi, chefe do Exército do Egito, a liderar uma coalizão para expulsar Morsi do poder, e ilegalizar o grupo em 2013.
As autoridades egípcias lançaram uma campanha de supressão da Irmandade Muçulmana e o declararam organização terrorista, prendendo toda a sua liderança e condenando à morte Morsi e mais de 100 outras pessoas em 2015 por conluio com militantes estrangeiros. No entanto, uma corte anulou as sentenças.
Cairo depois nomeou Adly Mansour, presidente do Supremo Tribunal Constitucional, como presidente interino do Egito.
Em 17 de junho de 2019, Morsi morreu aos 67 anos como resultado de um ataque cardíaco durante uma audiência judicial sobre um caso de espionagem no Cairo.
República Centro-Africana
Em 24 de março de 2013, a República Centro-Africana (RCA) se viu em tumulto quando seu presidente cristão, François Bozizé, foi derrubado por rebeldes, em sua maioria muçulmanos da Seleka. O líder rebelde Michel Djotodia proclamou-se presidente, enquanto o líder afastado da RCA, François Bozizé, foi obrigado a fugir para os Camarões.
No entanto, os líderes africanos se recusaram a reconhecer Djotodia como presidente da República Centro-Africana, com o líder rebelde anunciando sua demissão em 10 de janeiro de 2014.
Desde então, o país está mergulhado em lutas entre milícias cristãs e muçulmanas, com vinganças de cidadãos do outro grupo.
A eleição em fevereiro de 2016 do presidente Faustin-Archange Touadéra, que prometeu desarmar as facções religiosas militarizadas e trazer paz ao país, não pôs fim à violência.
Guiné-Bissau
Em 12 de abril de 2012, ocorreu um golpe de Estado em Guiné-Bissau antes do segundo turno das eleições presidenciais, marcado para 29 de abril, que enfrentou Carlos Gomes Júnior e Kumba Yalá.
Os militares tomaram a parte central da capital Bissau, e lançaram um ataque à residência de Gomes Júnior, ex-primeiro-ministro e candidato presidencial do Partido Africano para a Independência de Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC).
O presidente interino Raimundo Pereira também foi preso. Membros do Conselho Militar dirigiram o país até a criação de um Conselho Nacional de Transição interino, em 15 de abril.
Os militares afirmaram que tomaram o passo por frustração com um suposto acordo secreto concluído entre as autoridades do país e Angola para reformar as Forças Armadas.
No final de abril, os líderes destituídos de Guiné-Bissau foram libertados e fugiram do país. Os representantes da junta militar e dos principais partidos da oposição em Guiné-Bissau assinaram um acordo estabelecendo um período de transição de dois anos.
Em maio de 2014, após os resultados do segundo turno, José Mario Vaz, representante do PAIGC, foi eleito presidente do país.