Ao lado da Austrália, o governo dos EUA foi um dos primeiros a condenar internacionalmente o golpe militar ocorrido na segunda-feira (1º) em Mianmar, quando os líderes do governo civil, incluindo a ex-conselheira de Estado Aung San Suu Kyi, foram detidos e os militares declararam o estado de emergência, colocando o comandante em chefe das Forças Armadas na presidência interina do país asiático.
"Não pode haver dúvida: em uma democracia, a força nunca deve tentar anular a vontade do povo ou tentar apagar o resultado de uma eleição confiável", disse Biden em Washington, em seu primeiro grande discurso de política externa como presidente, transmitido através da Internet.
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"Os militares birmaneses devem renunciar ao poder que capturaram, libertar defensores, ativistas e funcionários que detiveram, suspender as restrições nas telecomunicações e evitar a violência", acrescentou o presidente americano.
Biden fez seu pronunciamento algumas horas depois que seu conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, disse durante uma entrevista coletiva que a Casa Branca estava "analisando sanções específicas dirigidas a indivíduos e entidades controladas pelos militares, e que enriquecem os militares", mas não deu mais detalhes sobre isso.
Os avisos dos EUA vieram depois que os generais de Mianmar ordenaram aos provedores de Internet que restringissem o acesso ao Facebook nesta quinta-feira (4), enquanto a população local recorria às redes sociais para manifestar oposição ao golpe de Estado e para compartilhar planos de desobediência civil.
Além do Facebook, outros aplicativos de comunicação que pertencem à mesma empresa, como Instagram e WhatsApp, tiveram o acesso interrompido no país asiático.
"Temos o poder digital [...] então, estamos usando isso desde o primeiro dia para nos opormos à junta militar", disse, citado pela agência de notícias AFP, o ativista Thinzar Shunlei Yi, responsável pelo chamado "Movimento de Desobediência Civil" que estaria se espalhando pelas redes sociais.
A Telenor, uma das principais operadoras de telecomunicações do país, confirmou em comunicado publicado em seu site que as autoridades de Mianmar lhe ordenaram que "bloqueasse temporariamente" o acesso ao Facebook.
A empresa, que é de propriedade norueguesa, afirmou que tinha a obrigação de cumprir a ordem, mas ressaltou que "não acredita que o pedido se baseie na necessidade e na proporcionalidade, de acordo com as leis internacionais de direitos humanos".
O Facebook, por sua vez, confirmou que o acesso "está atualmente interrompido para algumas pessoas" e pediu às autoridades que restaurassem a conectividade, segundo a AFP.