Bloomberg rotula Sputnik V de maior avanço científico russo desde fim da URSS

Em agosto do ano passado, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou que a Rússia se tornou o primeiro país do mundo a registrar uma vacina contra a COVID-19 ainda antes de a última ter completado todas as fases de testes de segurança, o que gerou cepticismo a nível mundial.
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Atualmente, vários países fazem fila para receber doses da vacina russa Sputnik V, após um estudo publicado na conceituada revista de medicina The Lancet ter mostrado que esta apresentou grande eficácia na proteção contra o coronavírus, ao mesmo nível das vacinas europeias e americanas, informa a agência Bloomberg.

Pelo menos 19 países aprovaram a inoculação com a Sputnik V, entre eles a Hungria, sendo o único Estado-membro da UE que a aprovou até agora. Outros grandes mercados, como o Brasil e a Índia, se encontram prestes a autorizar sua importação. Agora, Moscou está de olho no cobiçado mercado europeu, enquanto o bloco luta com seu programa de vacinação face à escassez de oferta.

A decisão de batizar a vacina de Sputnik V, em honra do primeiro satélite do mundo, cujo lançamento em 1957 representou para a União Soviética um triunfo impressionante contra os EUA durante a corrida espacial, apenas sublinhou a verdadeira importância que Moscou atribuiu a esta conquista.

Bloomberg rotula Sputnik V de maior avanço científico russo desde fim da URSS
"Este é um momento decisivo para nós", declarou Kirill Dmitriev, diretor-geral do Fundo Russo de Investimentos Diretos, que apoiou o desenvolvimento da Sputnik V e é responsável por sua implementação a nível internacional, citado pela Bloomberg.

Os resultados dos testes de estágio final em cerca de 20 mil participantes, revisados na The Lancet, mostraram que a vacina tem uma taxa de sucesso de 91,6%.

Sputnik V – características e seu impacto no mundo

Embora ainda seja muito cedo para avaliar os ganhos políticos para Putin com o sucesso da vacina em causa, a Rússia já sente algum impacto do poder brando da vacina em sua imagem.

A vacina pode fortalecer a influência geopolítica da Rússia em regiões como a América Latina, segundo Oksana Antonenko, diretora na consultoria Control Risks, conforme a mídia.

Por exemplo, a Argentina, que estaria tendo dificuldades em obter suprimentos de vacinas, iniciou seu programa de inoculação em massa após receber mais de meio milhão de doses da Sputnik V em janeiro. Perante tal feito, seguiram-se a Nicarágua, o Paraguai e a Venezuela. No Brasil, o maior mercado da região, uma decisão anunciada em 3 de fevereiro sobre descartar a exigência da terceira fase de testes para uso emergencial pode acelerar a aprovação da vacina russa. De igual modo, em África, a situação não se apresenta muito diferente da descrita acima.

Bloomberg rotula Sputnik V de maior avanço científico russo desde fim da URSS

Algo que distingue bastante a Sputnik V da vacina Pfizer/BioNTech é o fato de poder ser armazenada em uma geladeira em vez de um congelador, facilitando o transporte e a distribuição nos países mais pobres e mais quentes. Custando cerca de US$ 20 (aproximadamente R$ 107,3) por cada duas doses de inoculação, a Sputnik V apresenta-se também como mais barata em comparação com a maioria das alternativas ocidentais. Adicionalmente, mesmo que seja mais cara do que a AstraZeneca, a inoculação russa provou ter maior eficácia do que a vacina do Reino Unido.

No entanto, algo é certo: "A vacina não pode ser uma questão política", enfatizou o primeiro-ministro húngaro. "Apenas se pode escolher entre vacinas ocidentais ou de leste quando houver bastantes", acrescentou, citado pela agência.

Contudo, de qualquer jeito, a Rússia triunfa em seu maior avanço científico desde a era soviética.

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