Faria explicou que estão marcados encontros com dirigentes de empresas de telecomunicações e reuniões governamentais na Suécia, Finlândia, Coreia do Sul, no Japão e na China. O objetivo é conhecer modelos internacionais para aprimorar o desenvolvimento dessa tecnologia no Brasil.
O engenheiro de Telecomunicações Carlos Alberto Malcher, professor da Faculdade de Engenharia da UFF (Universidade Federal Fluminense), elogiou a iniciativa da comitiva do governo federal de conhecer as empresas de telecomunicações, mas disse que a chave da escolha está na forma como a tecnologia será implementada.
"Todas essas empresas já têm uma grande presença no Brasil. [...] Todas elas têm capacidade de prover essa tecnologia. Acredito que a resposta se dê muito mais na forma como isso vai ser feito do que na empresa em si. Qualquer uma dessas poderia atender ao mercado brasileiro", afirmou à Sputnik Brasil.
A previsão é que o leilão das faixas de radiofrequência destinadas à conexão do 5G aconteça ainda no primeiro semestre deste ano. O certame será realizado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Malcher comentou que as redes 5G permitem uma maior velocidade de conexão, mas que poucas pessoas e órgãos vão se beneficiar da implementação desse tipo de tecnologia em um primeiro momento.
"A rede 5G oferece, como todo mundo está falando, uma capacidade de transmissão muito maior e uma latência muito menor. Onde a capacidade de transmissão é o que a gente chama de banda passante, e a latência é o tempo que leva para você conseguir fazer acesso à rede, transmitir seus dados e os dados chegarem ao outro lado", explicou.
'Não basta apenas aderir a uma rede privativa'
Uma portaria publicada no fim de janeiro pelo governo Bolsonaro passou a exigir da empresa vencedora do leilão a criação de uma rede privativa para o governo federal, formada por uma rede móvel no Distrito Federal, e uma infraestrutura de fibra óptica para prédios públicos fora de Brasília.
"Usar uma rede para o Judiciário, para fazer videoconferências, transmitir processos, é uma coisa. Usar uma rede para transmitir informações de defesa, ou para acionar mecanismos de forças de defesa em outro local do país é outra. Não é simplesmente achar que vão fazer uma rede privativa baseada em operadoras de telefonia e que isso vai resolver todos os problemas do país, não vai", afirmou.
O especialista lembra que, mesmo que a escolha seja feita com base na segurança, não existem garantias de que a privacidade sempre será respeitada.
"Lembre-se que lá no governo Obama nós tivemos um caso em que comunicações da Alemanha e do Brasil foram monitoradas pelos Estados Unidos. Não é uma característica do chinês, do japonês ou do americano, não é particularidade de nenhum desses países monitorar as comunicações dos outros. Isso pode acontecer com qualquer país", completou.
Em 2013, o ex-técnico da CIA Edward Snowden revelou que milhões de e-mails e ligações de brasileiros e estrangeiros em trânsito no país foram monitorados. Ainda segundo os documentos, uma estação de espionagem funcionou em Brasília pelo menos até 2002.