O Ministério das Relações Exteriores do Irã declarou neste sábado (6) que o atual posicionamento dos Estados Unidos em relação ao Iêmen pode sinalizar um novo caminho de ação, depois que Joe Biden anunciou nesta semana que Washington interromperia o seu apoio à coalizão militar liderada pela Arábia Saudita no enfrentamento aos rebeldes houthis.
"Interromper o suporte [...] à coalizão saudita, se não for uma manobra política, pode ser um passo para corrigir erros anteriores", disse o porta-voz do MRE iraniano, Saeed Khatibzadeh, segundo a mídia estatal do país persa.
O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, afirmou na última quinta-feira (4) que Biden anunciaria em seu primeiro pronunciamento no Departamento de Estado o fim do apoio norte-americano às operações no Iêmen, o que, efetivamente, seria o cumprimento de uma das promessas de campanha do presidente democrata.
Biden, por sua vez, escolheu Timothy Lenderking para servir como enviado especial dos EUA no Iêmen, onde terá a tarefa de reunir os lados beligerantes na mesa de negociação para conseguir mediar um cessar-fogo.
Desde 2014, o Iêmen vive um conflito interno entre as forças governamentais, lideradas pelo presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi, e os rebeldes houthis. A Arábia Saudita, por sua vez, passou a se envolver diretamente no conflito em 2015, ao lançar uma coalizão militar de Estados árabes para restaurar o poder a Hadi.
Em janeiro deste ano, o Departamento de Estado, ainda sob o comando do ex-secretário Mike Pompeo, anunciou que os EUA incluiriam a milícia rebelde houthi em sua lista de organizações terroristas internacionais, e foi alertado pelas Nações Unidas que tal movimento provavelmente teria "sérias consequências humanitárias e políticas".
A administração Biden, por outro lado, indica que revogará a designação dos houthis como grupo terrorista, diante da urgência de se mitigar uma das piores crises humanitárias do mundo, na qual mais de 80% da população iemenita vive em situação de extrema necessidade de assistência.