Trata-se de uma história curiosa. O deputado neozelandês Rawiri Waititi, de origem Maori, comandou uma cruzada nas últimas semanas contra o uso de gravatas no Parlamento de seu país, alegando que o traje faz parte de uma "herança colonial".
Após ter aparecido para uma sessão no Congresso sem uma gravata, Rawiri Waititi foi imediatamente expulso do local, uma atitude que causou tensão e reascendeu o debate sobre a história colonial da Nova Zelândia e sua cultura indígena.
Rawiri Waititi, do Partido Maori, ao invés de se retirar da Casa, retornou em posse de um hei-tiki, um pingente tradicional em sua cultura, ao redor do pescoço. Em uma discussão acalorada sobre o código de vestimenta oficial com Trevor Mallard, presidente da Câmara, Waititi disse que estava usando "traje de negócios maori".
O episódio levou um subcomitê liderado por Mallard na noite de quarta-feira (10) a debater se o hei-tiki constituía um traje aceitável à Casa. Segundo as regras parlamentares, os políticos do sexo masculino precisam usar paletó e gravata. Mallard disse à mídia local que havia "muito pouco apoio para uma mudança".
Waititi, por sua vez, insistiu em sua retórica, publicando colunas e concedendo entrevistas. "Tirei a gravata colonial como um sinal de que ela continuou a colonizar, sufocar e suprimir" os direitos dos maoris, escreveu ele em um artigo.
Na tarde desta quarta-feira (10), enfim uma trégua temporária. O presidente da Câmara permitiu que Waititi fizesse perguntas no Parlamento sem uma gravata em volta do pescoço. "O comitê não chegou a um consenso, mas a maioria do comitê foi a favor da remoção da exigência", disse Mallard.
Os indígenas na política da Nova Zelândia
O grupo Maori representa cerca de 21% dos 120 membros do Parlamento dispostos em cinco partidos. Por décadas, os povos indígenas da Nova Zelândia foram impedidos de honrar suas tradições. Após diversas políticas públicas de integração social, alguns costumes foram impostos por força de lei.
Saudações Maori agora são comuns em transmissões públicas; os sinais de trânsito são cada vez mais bilíngues; e muitos jovens maoris matricularam-se em cursos de língua maori patrocinados pelo governo em uma tentativa de recuperar sua herança, escreve o New York Times.