Esperando pela 5G? EUA e China já estão competindo pela rede 6G

A maior parte do mundo ainda se encontra esperando para experienciar os benefícios da rede 5G, mas a corrida geopolítica pelo grande passo na evolução das telecomunicações já está aquecendo.
Sputnik

O primeiro país ou companhia a desenvolver e patentear a rede 6G será o maior vencedor do que muitos caracterizam como a próxima revolução industrial. Apesar de ainda estar a cerca de dez anos de se tornar realidade, a tecnologia 6G – que poderá ser 100 vezes mais rápida do que a tecnologia 5G no pico da sua velocidade – poderia nos fornecer o tipo de tecnologia que, até agora, apenas foi imaginada na ficção, tais como hologramas em tempo real e a Internet ligada aos corpos e cérebros humanos, escreve a agência Bloomberg.

A corrida à rede 6G já começou. Esta corrida tecnológica já está definindo como a geopolítica alimenta as rivalidades no campo da tecnologia, especialmente entre os EUA e a China.

6G – a grande e única oportunidade para os EUA

Os anos de animosidade deixados pela administração Trump tiveram um grave impacto nas companhias tecnológicas chinesas, mas tal fato não impediu o gigante asiático de triunfar como líder mundial da rede 5G.

Por essa razão, o desenvolvimento da 6G poderia ser para os EUA uma oportunidade única de recuperarem sua liderança no campo tecnológico, segundo Bloomberg. Na verdade, ainda em 2019, o ex-presidente Donald Trump já teria dito em sua plataforma do Twitter (agora suspensa), que queria a tecnologia 6G nos EUA "o mais rápido possível".

Washington já começou delineando estratégias para a rede 6G, nomeadamente a Aliança para Soluções da Indústria de Telecomunicações (ATIS, na sigla em inglês), lançada em outubro do ano passado, com o objetivo de "fazer avançar a liderança norte-americana na 6G". Os membros incluídos nesta aliança tecnológica são companhias como a Apple Inc., AT&T Inc., Qualcomm Inc., Google e Samsung Electronics Co., deixando a Huawei de parte, uma vez que foi considerada uma companhia que pratica espionagem, explica a mídia.

6G na China

A China também já está avançando. Em dezembro de 2020, o país lançou um satélite para testar a transmissão da tecnologia em causa.

A Huawei tem um centro de pesquisa de 6G no Canadá, conforme relata a mídia do país, e o fabricante de equipamentos de telecomunicações ZTE Corp. se uniu à China Unicom Hong Kong Ltd. para o desenvolvimento da rede.

A falta de confiança em companhias chinesas como a Huawei é pouco provável que diminua com 6G. Alguns países se mostram preocupados com as possíveis utilizações desta tecnologia em vigilância em massa, por meio de drones. A China já está utilizando câmaras de vigilância, inteligência artificial, reconhecimento facial e dados biométricos, tais como amostras de voz e de DNA para rastrear e controlar seus cidadãos.

Desafios para um futuro com 6G

Ainda é muito cedo para dizer se o mundo futurístico imaginado e definido pela 6G acabará se tornando realidade. Nesse mundo, ainda teórico, tudo no nosso ambiente deverá estar conectado às redes 6G, e não só as pessoas poderão comunicar com objetos, como móveis e roupas, como também esses dispositivos poderão comunicar entre si.

Contudo, ainda abundam vários obstáculos científicos, tais como a questão de como as ondas de rádio que viajam por distâncias extremamente curtas poderão facilmente penetrar materiais como vapor d'água ou mesmo uma folha de papel. As redes poderão ter de ser ultradensas, com várias estações instaladas não apenas em cada rua, mas também em cada prédio, ou mesmo em cada dispositivo que as pessoas usam para receber e transmitir sinais. Tal possibilidade poderá levantar questões sérias sobre saúde, privacidade e planejamento urbano.

"Os avanços tecnológicos, especialmente os demasiado futurísticos e complexos como a comunicação 6G, devem ser desenvolvidos com cuidado [...]. Acreditamos que os países não poderão começar [a usar a tecnologia 6G] em breve", comentou Vikrant Gandhi, diretor sênior de tecnologias de informação e comunicações na companhia de consultoria Frost & Sullivan, nos EUA, citado pela Bloomberg.
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