O Pentágono está "apostando todas suas fichas" na modernização desta aeronave e afirma que o programa não vai influenciar na aquisição dos caças de quinta geração. Abaixo, o analista militar Andrei Kots detalha o caça F-15EX à Sputnik.
Novo projeto de caça veterano
O protótipo da nova modificação do caça veterano, que entrou em serviço pela primeira vez no ano de 1976, decolou no início de fevereiro de base área no Missouri, realizando um voo de 90 minutos.
No final de março, a Força Aérea dos EUA vai receber duas aeronaves deste tipo para realizar testes subsequentes. Ao todo, o Pentágono tem a intenção de encomendar aproximadamente 200 F-15EX até 2030.
A entrega dos caças de série à Força Aérea norte-americana está prevista se iniciar em 2023. O programa tem um custo estimado de US$ 23 bilhões (R$ 123,5 bilhões).
"O voo bem-sucedido de hoje comprova que o jato é seguro e está pronto para ser integrado à frota de caças de nossa nação [...] Esta plataforma é capaz de incorporar os últimos sistemas avançados de gerenciamento de combate, sensores e armas. Este é definitivamente um novo avião, notavelmente diferente da versão anterior do F-15", afirmou Prat Kumar, vice-presidente da Boeing e gerente do programa F-15.
A modernização da aeronave é a continuação do desenvolvimento do caça-bombardeiro F-15E Strike Eagle. Ela é designada para conquistar superioridade aérea e realizar ataques contra alvos terrestres.
O avião é equipado com modernos equipamentos de bordo baseados no conceito de "comunicação digital" e arquitetura Open Mission Systems, permitindo a implantação de tecnologias avançadas sem qualquer dificuldade.
Além disso, a aeronave receberá um poderoso sistema de guerra eletrônica, melhorias na cabine dos pilotos e radar Raytheon AN/APG-82 com antena de varredura eletrônica ativa.
Os novos motores GE F110 asseguram altas características de voo com carga útil aumentada. Sabe-se que sua carga útil foi elevada de 10,4 para 13,4 toneladas.
Planeja-se que o F-15EX seja capaz de transportar até 22 mísseis guiados ar-ar ou mísseis hipersônicos de longo alcance de quase sete metros e três toneladas.
Avanço hipersônico
O Pentágono está tentando dar a uma aeronave bastante idosa capacidade de aniquilar alvos protegidos por modernos sistemas de defesa antiaérea.
Os EUA estão trabalhando na produção de três mísseis hipersônicos de baseamento aéreo: no projeto de veículos hipersônicos em forma de cunha chamados de Tactical Boost Glide (TBG), com uma velocidade de Mach 7, no projeto HAWC (Hypersonic Air-Breathing Weapon Concept), que seria um míssil hipersônico capaz de atingir velocidades de até Mach 10, e na Arma de Resposta Rápida de Lançamento Aéreo (ARRW, na sigla em inglês). A produção em série destas armas não deve ocorrer antes de 2024 ou 2025.
"O F-15EX é a versão mais avançada do caça F-15 jamais construída [...] Seu alcance insuperável, custo e melhor capacidade de carga útil de sua classe tornam o F-15EX uma escolha atrativa para a Força Aérea dos EUA [...] O F-15EX transporta mais armas do que qualquer outro caça da categoria, inclusive os futuros mísseis, que estão em desenvolvimento", afirmou o responsável pelo programa F-15EX da Boeing, Lori Schneider.
A decisão sobre a produção dos caças de quarta geração nos EUA foi tomada há dois anos. Caças F-15 não são entregues à Força Aérea do país desde 2001, enquanto os caças mais leves F-16 – desde 2004.
O Pentágono desejava manter o foco nos mais modernos e tecnologicamente avançados F-35 Lightning. Contudo, o programa dos aviões furtivos de quinta geração até o momento não emplacou: o caça segue sofrendo com uma grande quantidade de problemas, além de seu alto custo, fazendo com que os EUA utilizassem seus caças veteranos.
Atualmente, a forças aéreas dos EUA e da Guarda Nacional contam com aproximadamente 230 caças F-15C e F-15D. O prazo de serviço destes caças termina em 2030.
O Pentágono tem 219 caças F-15E mais modernos. Os primeiros caças F-15EX serão entregues à Guarda Nacional, que voam apenas nos veteranos F-15C e F-15D.
'Águia silenciosa'
Não é a primeira vez que o Pentágono está tentando dar uma segunda vida ao caça F-15. No final dos anos 2000, a Boeing apresentou um protótipo de demonstração do caça F-15SE Silent Eagle.
A empresa norte-americana se esforçou para elevar a antiga aeronave ao nível de caça de quinta geração. A "águia silenciosa" deveria se tornar mais furtiva: a empresa aplicou então bastantes materiais absorventes de radiação de radar, instalou as armas na parte interna da fuselagem, tal como nos F-35 e F-22, e alteraram os estabilizadores verticais.
Nos compartimentos internos modificados da aeronave eram carregadas simultaneamente mísseis ar-terra e ar-ar. O caça podia transportar dois mísseis guiados AIM-120 AMRAAM, duas bombas aéreas de voo corrigido JDAM ou quatro bombas JDAMS.
Seus pilones internos suportavam munições de 450 quilos de massa. O avião ainda contou com um novo complexo de guerra eletrônica e um moderno sistema de controle digital.
O primeiro exemplar da "águia silenciosa" estava sendo preparado sobretudo para exportação. Consideravam que seu custo de aproximadamente US$ 100 milhões (R$ 537 milhões) o tornava atrativo.
Os EUA então propuseram o F-15SE para seus "velhos conhecidos", como Israel, Arábia Saudita, Japão e Coreia do Sul. Mas estes, por sua vez, preferiram o mais moderno F-35. Por isso, o programa foi encerrado, tendo sido construído apenas um protótipo do F-15SE.