O presidente dos EUA, Joe Biden, deve retomar em breve as negociações com a China sobre segurança cibernética, mas as rivalidades comerciais e tecnológicas com Pequim devem continuar, essa é a conclusão do think tank chinês Instituto de Estudos Internacionais de Xangai (SIIS, na sigla em inglês), divulgado este mês.
"A competição continuará a ser a característica definidora da interação cibernética China-EUA no governo Biden, como havia sido durante o mandato de Trump. Ao mesmo tempo, os sinais iniciais de Pequim e Washington indicam que ainda há um espaço significativo para a cooperação em segurança cibernética nos próximos anos", lê-se no relatório, citado pelo jornal South China Morning Post.
O relatório encoraja ambas as partes a voltarem às negociações sobre questões de segurança cibernética, como comércio digital, crimes cibernéticos, regras do ciberespaço e fluxos de dados transfronteiriços, entre outros.
Todavia, de acordo com Chen Dongxiao, presidente da SIIS, a política de Biden para a China vai se apegar ao legado do ex-presidente Donald Trump "de contenção e supressão da China", acrescentando que uma maior competição no ciberespaço é esperada.
De acordo com o relatório, o presidente Biden trabalharia com aliados regionais na Ásia-Pacífico para conter a China e a Rússia, além de restringir as empresas de tecnologia chinesas em uma tentativa de bloquear a influência da governança do ciberespaço da China.
"Na opinião do governo Biden, a segurança cibernética deve servir à segurança nacional e ao bem-estar econômico para preservar a vantagem estratégica dos EUA sobre a China. A administração Biden compartilha as percepções de Trump sobre o desenvolvimento cibernético e a segurança e segue comprometida em implementar uma estratégia cibernética a serviço da segurança econômica e nacional e manter a superioridade da América no cenário de tecnologia global em relação à China e à Rússia", destaca o relatório.
O governo de Trump colocou na lista negra dezenas de empresas de tecnologia, como a Huawei Technologies, a ZTE e a fabricante de chips SMIC, citando preocupações com a segurança nacional.
Recentemente, uma das maiores fabricantes globais de smartphones, a gigante chinesa Xiaomi apresentou uma queixa contra os EUA, exigindo que o governo norte-americano a retirasse da lista negra de empresas supostamente ligadas ao setor militar da China.
Pequim nega repetidamente e com veemência que suas tecnologias representam riscos de segurança cibernética e lançou suas próprias iniciativas com o objetivo de se distanciar dos EUA, em uma tentativa de promover a autossuficiência tecnológica e a segurança nacional.