A absolvição de impeachment do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no sábado (13), pode prejudicar os democratas nas eleições de meio de mandato em novembro de 2022 e levar à perda da maioria na Câmara dos Representantes detida atualmente, disse o ex-senador da Virgínia, Richard Black. "Eu prevejo que os democratas perderão sua maioria tênue na Câmara dos Representantes e que haverá um presidente republicano da Câmara depois disso. Em 2022, Joe Biden enfrentará um Congresso muito mais hostil do que hoje", explicou Black em entrevista à Sputnik.
Black afirmou que os democratas estão profundamente deprimidos após a segunda tentativa fracassada de impeachment contra Trump. Para condenação, era preciso dois terços dos votos dos senadores, ou seja, de pelo menos 67 de 100. Mas o ex-presidente americano foi absolvido com 57 votos. "Eles esperavam que uma condenação no Senado por uma única acusação de incitar uma insurreição acabasse com a crença generalizada de que a eleição presidencial era ilícita. Quase metade dos eleitores americanos suspeita que a eleição presidencial foi fraudada", disse Black.
Black ressaltou ainda que teorias de que a eleição de 2020 foi fraudada continuam a surgir, apesar dos esforços de gigantes da Internet como Facebook, Twitter e outros para censurar indivíduos que expõem opiniões sobre fraude eleitoral. Além disso, Black constatou que os democratas não conseguiram condenar Trump porque não foram capazes de apresentar provas de que Trump teria incitado à invasão ao Capitólio.
"De fato, seu discurso aos manifestantes os instigou a agir 'pacificamente'", acredita Richard Black. "Dessa forma, o julgamento se assemelhou ao primeiro impeachment sobre a infame fraude da Rússia. Antes mesmo de Trump tomar posse como presidente, os democratas nos níveis mais altos do governo conspiraram para usar um dossiê inventado pelo espião britânico do MI-6, Christopher Steele, para incriminar e acusar Donald Trump de trabalhar com a Rússia para fraudar a eleição", defende.
Quando questionado se o julgamento de impeachment poderia afetar as chances de Trump de voltar ao poder, Black disse que nada assusta mais seus oponentes. "Se eles [democratas] tivessem conseguido [impeachment de Trump], eles teriam conduzido uma segunda votação para impedi-lo de ocupar um cargo público", analisa Black, que acredita que os democratas ainda buscam formas de impedir candidaturas futuras do ex-presidente dos EUA.
Black lembrou que o senador democrata Tim Kaine, da Virgínia, chegou a discutir a possibilidade de usar a 14ª Emenda Constitucional para dispensar um julgamento e simplesmente votar para declarar Trump culpado e retirá-lo de seu direito de concorrer a um cargo novamente. No entanto, Black enfatizou que um projeto de lei para declarar uma pessoa culpada e prescrever sua punição sem julgamento é um clássico Bill of Attainder (Lei de Condenação), ferramenta de tiranos contra oponentes políticos.
Questionado sobre se o atual presidente será capaz de unir os Estados Unidos, Black declarou: "Joe Biden assumiu o cargo de uma posição extraordinariamente fraca. Muitos americanos não acreditam que ele foi devidamente eleito presidente, e seu gabinete parece estar prestes a adotar políticas altamente impopulares. Já parece haver uma crescente insatisfação com a nova administração e isso não é um bom presságio para o seu futuro", previu.
Eleições presidenciais dos EUA
O processo eleitoral norte-americano foi realizado em 3 de novembro do ano passado em meio à pandemia do coronavírus. Por conta disso, a eleição registrou um número histórico de votos antecipados pelos correios, fazendo com que a apuração fosse mais lenta em alguns estados. A vitória de Joe Biden foi anunciada em 7 de novembro, mas Trump recusou-se a aceitar a derrota e alegou fraude eleitoral.
Neste ano, o ex-presidente republicano sofreu seu segundo julgamento de impeachment, sob a acusação de incitamento a vandalismo e invasão ao Capitólio em janeiro e não foi condenado. Da primeira vez, em 2019, Trump também foi absolvido das acusações de abuso de poder e obstrução do Congresso.