Nesta quarta-feira (17), em um discurso transmitido pela televisão, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, exigiu "ação, não palavras" dos Estados Unidos se quiserem reviver o acordo nuclear com Teerã, de segundo a Reuters.
O Irã estabeleceu um prazo até a semana que vem para que Joe Biden comece a reverter as sanções impostas por seu antecessor, Donald Trump. Caso tal ação não seja feita, o país dará seu maior passo até agora para violar o acordo nuclear: proibir inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
"Ouvimos muitas palavras bonitas e promessas que na prática foram quebradas, e ações opostas tomadas. Palavras e promessas não são boas. Desta vez [queremos] apenas ação do outro lado, e também vamos agir", disse Khamenei citado pela mídia.
Com essa declaração, Teerã demonstra claramente que não está pautando sua posição diante do acordo nuclear na diplomacia e diálogo, posição essa que desarmoniza totalmente com a postura dos EUA sobre o assunto.
Nesta terça-feira (16), o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, afirmou que "o caminho para a diplomacia está aberto agora", no que diz respeito a volta dos dois países para o Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês).
"O caminho para a diplomacia está aberto agora. O Irã ainda está longe de cumprir o acordo. Então, teremos que ver o que isso faz. O presidente [Joe Biden] tem repetidamente sido muito claro de forma pública sobre nossa posição, e veremos qual reação o Irã terá a isso, se houver", disse o Blinken citado pela mídia.
Teerã e Washington dizem que querem ver o acordo revivido, mas os dois lados estão em desacordo sobre quem deve dar o primeiro passo. O Irã diz que os EUA devem primeiro suspender as sanções impostas por Trump, enquanto Washington diz que Teerã deve primeiro retornar ao cumprimento do acordo, que começou a violar depois que as sanções foram reimpostas.
Em meio a esse impasse, o Irã segue violando leis estabelecidas pelo acordo nuclear e aumentando a atividade em suas usinas.
Na terça-feira (16), o Irã notificou a AIEA que limitará inspeções nucleares sob lei recém-aprovada em dezembro. Porém, nesta quarta-feira (17), segundo a agência Tasnim, o presidente iraniano, Hassan Rouhani, garantiu que a decisão não significaria o despejo dos inspetores da agência nuclear das Nações Unidas.
"O que vai acontecer é que o Irã deixará de implementar o Protocolo Adicional [que exigia a inspeção da AIEA] a partir de 23 de fevereiro, mas nenhum inspetor será expulso de Teerã", disse o presidente citado pela mídia.