"Acho que podemos reativar muito rápido [o Tratado de] Céus Abertos [...]. O anúncio da administração Trump de que sairia de Céus Abertos é uma violação da lei norte-americana", afirmou Stoffer em entrevista à Sputnik.
O ex-oficial explicou que, de acordo com o Ato de Autorização de Defesa Nacional de 2020, a administração Trump deveria notificar o Congresso sobre sua intenção de sair do tratado 120 dias antes.
"A administração Trump nunca fez isso. Penso que nem deu uma notificação pouco tempo antes de todo mundo saber que os Estados Unidos sairiam", ponderou Stoffer.
A participação dos EUA no Tradado de Céus Abertos foi concluída em novembro de 2020, seis meses após a administração Trump anunciar intenção de sair. Stoffer ressaltou que o atual presidente Joe Biden deveria considerar a saída ilegal e inapropriada, e Washington deveria cumprir o acordo para que a Rússia e outros aliados do tratado aceitassem a volta dos EUA.
Além do mais, o especialista sublinhou que o Tratado de Céus Abertos é um dos assuntos mais urgentes que os EUA e a Rússia devem resolver, notando que muitos anos foram necessários para o pacto ser selado.
"[O Tratado de] Céus Abertos surgiu nos anos 50 quando ambos os lados tentavam observar o outro e não conseguiam", disse Stoffer. "Então, a ideia era a seguinte: por que nós apenas não permitimos que os aviões sobrevoem nosso espaço e verifiquem o que se passa, e os Céus Abertos cresceram disso. Mais duas décadas foram necessárias para Céus Abertos serem aceitos, nos anos 70. Muitos países agora fazem parte dele na Europa, assim como Estados Unidos, Canadá e Rússia."
Na semana passada, o vice-ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Ryabkov, declarou que a Rússia reconsideraria sua volta ao tratado se os Estados Unidos, por sua vez, revessem a decisão de saída, mas sem quaisquer concessões. O diplomata também notou que a Rússia continua seguindo o Tratado de Céus Abertos pela boa vontade, apesar do início de procedimento de saída, e está pronta para acolher missões de observação.
O Tratado de Céus Abertos foi assinado em 1992 e entrou em vigor dez anos depois, permitindo que os 34 países-membros realizassem voos de observação desarmada no espaço aéreo um do outro.