Conforme o relatório emitido sobre os laços sino-americanos, os EUA e a China estão no caminho para a dissociação econômica, mas os EUA precisariam gerir a situação de forma orientada.
"Tanto em Washington como em Pequim, a confiança política está no ponto mais baixo, e é difícil de imaginar o retorno à política de engajamento cooperativo que dominou as relações desde 1972 sem mudanças radicais em ambas as capitais", segundo o relatório.
A avaliação é realizada enquanto a administração do presidente dos EUA, Joe Biden, revê a política norte-americana em relação à China. Biden e seus altos funcionários classificaram Pequim como um rival estratégico, "o competidor mais sério" e "o principal desafio", sugerindo que mantenham uma posição dura, como a da época do ex-presidente, Donald Trump.
Perspectiva da dissociação
O relatório avalia que a rivalidade entre os países aumentará, e que Washington precisa elaborar um melhor grau de engajamento econômico com Pequim.
"A identificação das consequências e dos custos reais da dissociação é urgente, porque já foram dados os primeiros passos nesse sentido", afirma relatório.
"Os EUA estão debatendo [...] se e como continuar esse caminho. A perspectiva da dissociação entre os dois países nunca foi tão real", diz o documento.
Citando quedas no comércio, fluxos de investimento, turismo e intercâmbio de estudantes, o relatório afirma que "algum grau de dissociação" entre os dois países já ocorreu, e muitas empresas norte-americanas estavam fazendo mudanças nos preparativos.
As empresas estrangeiras também perguntam se poderiam se beneficiar da separação ou se seu próprio governo seguiria o exemplo e faria o mesmo.
"Uma abordagem de dissociação orientada e baseada em fatos será mais apelativa para os aliados dos Estados Unidos, e tem a melhor chance para sucesso a longo prazo", diz o relatório.
Perdas para os EUA
O documento ainda afirma que as duas economias estavam entrelaçadas em muitos aspectos, tornando os custos de uma dissociação completa "desconfortavelmente elevados".
Os pesquisadores estimaram que uma tarifa de 25% em todo o comércio entre os dois países custaria cerca de US$ 190 bilhões (aproximadamente R$ 1 trilhão) a cada ano para a economia norte-americana, além de perdas únicas de até US$ 500 bilhões (cerca de R$ 2,7 trilhões) se as empresas dos EUA reduzissem para metade o investimento estrangeiro direto na China.
Uma proibição completa de turistas e estudantes chineses nos EUA custaria até US$ 30 bilhões (cerca de R$ 162 bilhões) em perdas anuais.
Daniel Rosen, um dos principais autores do relatório e chefe de pesquisa sobre China no Rhodium Group, comentou que o engajamento entre os EUA e China sempre dependeu de objetivos econômicos liberais compartilhados, no entanto, como Pequim voltou para um maior planejamento do Estado, "é necessária uma postura menos permissiva".