Durante uma fala em um fórum do Ministério das Relações Exteriores em Pequim, o chanceler chinês, Wang Yi, enfatizou que a China nunca se intrometeu nos assuntos internos dos EUA e afirmou que "nos últimos anos, os EUA basicamente cortaram o diálogo bilateral em todos os níveis".
Wang, que cobrou que Washington respeite os interesses chineses, culpou o governo do ex-presidente norte-americano, Donald Trump, pela deterioração das relações bilaterais entre ambos os países e pediu a Washington que crie condições para a cooperação, removendo tarifas sobre produtos chineses e abandonando sanções impostas sobre empresas de tecnologia e também instituições acadêmicas chinesas.
"Estamos prontos para uma comunicação franca com os EUA", disse Wang, ressaltando que a China e os EUA precisam fortalecer o entendimento mútuo por meio do diálogo, apesar das diferenças sociais, culturais e históricas e dos vários pontos de divergência entre os dois países.
O chanceler chinês também afirmou que os EUA precisam parar de "difamar" o Partido Comunista da China e o sistema político do país, e devem parar de apoiar as ações de forças antigovernamentais a favor da independência de Taiwan. O ministro das Relações Exteriores também se posicionou contrário às tentativas de Washington de minar a soberania e segurança da China e de se intrometer em seus assuntos internos, particularmente em relação a Hong Kong, Tibete e Xinjiang.
Wang destacou ainda que a China protege a paz no mundo e não tem como objetivo derrubar governos de outros países, além de não impôr nenhuma ideologia a outros Estados.
Embora as relações entre EUA e China tenham recuado para novos níveis sob o governo Trump, o atual presidente dos EUA, Joe Biden, prometeu ser ainda mais duro com Pequim. Em uma conversa com o presidente chinês, Xi Jinping, no início deste mês, Biden alertou Pequim que os EUA estão preocupados com as atividades chinesas no Indo-Pacífico, com supostos abusos dos direitos humanos e práticas comerciais injustas. As autoridades chinesas negam essas acusações.
Como exemplo dessa postura, em seu primeiro grande discurso para um público estrangeiro, na semana passada, durante o encontro virtual do G7, Biden pediu aos aliados de Washington que se preparem para uma dura competição estratégica de longo prazo com a China.