Exercícios de treinamento militar em que soldados bebem sangue de cobra e comem animais vivos podem desencadear uma nova pandemia, alerta a organização Pessoas para o Tratamento Ético dos Animais (PETA, na sigla em inglês).
"O uso de animais vivos durante o Cobra Gold representa um risco de propagação de doenças zoonóticas semelhantes à COVID-19, colocando em risco as tropas e o público em geral", explica a organização, lembrando que 75% das doenças infecciosas emergentes que afetam pessoas começaram como doenças em animais.
Cobra Gold é como é chamado o maior exercício militar de caráter multinacional da Ásia, que ocorre na Tailândia todos os anos, e leva soldados a desafiarem seus limites com inusitadas provas de sobrevivência: comendo animais selvagens. Os exercícios incluem um curso de sobrevivência, onde instrutores ensinam os soldados a se alimentar em condições extremas, extraindo veneno de escorpiões e tarântulas para consumi-los e até mesmo pegando cobras para beber o sangue.
Estas parecem cenas saindo de um pesadelo, mas acontecem na selva tailandesa
A PETA enviou uma carta ao secretário da Defesa do Reino Unido, Ben Wallace, solicitando que exija que os organizadores dessas práticas "substituam permanentemente" o uso de animais vivos por outros métodos "mais eficazes e éticos".
Além de condenar os massacres "ritualísticos" e "bárbaros", a organização também destaca que a prática contribui para a extinção de espécies. "O massacre brutal de animais durante este exercício anual não só põe em perigo a saúde pública e espécies vulneráveis à extinção, incluindo a cobra-real, mas também desonra nossas tropas", afirma Julia Baines, diretora de política científica da PETA.
O governo britânico afirma que nenhuma tropa britânica participa do treinamento de campo do Cobra Gold, onde ocorre as provas relatadas pela Peta. O Ministério da Defesa britânico garantiu que apenas "um pequeno número de militares" participou dos exercícios Cobra Gold e que nenhum soldado esteve envolvido no consumo de animais selvagens, relata o jornal Independent.