A conclusão é de um estudo realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pela rede Corona-ômica, criada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação para o sequenciamento do novo coronavírus no Brasil.
Apesar de ser uma variante mais transmissível, não há dados que mostrem que a chamada cepa britânica seja mais letal ou que cause uma COVID-19 mais severa. Fernando Spilki, que é doutor em genética e biologia molecular, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Virologia e atual coordenador da rede Corona-ômica, explica que há, de fato, um pico de casos de COVID-19 mais graves no Reino Unido. Segundo o especialista, no entanto, estudos da Universidade de Oxford mostram que a causa do aumento de casos não é motivada diretamente pela natureza da mutação inglesa do novo coronavírus.
"Os estudos dão conta de que o maior número de quadros em nível mais grave se dá justamente pela condição de muitos casos ocorrendo ao mesmo tempo, o que aumenta a possibilidade, pelo número, de ocorrerem quadros de maior gravidade", explica Spilki, em entrevista à Sputnik Brasil.
Assim como Spilki, o biólogo e professor da UFMG Renan Pedra de Souza afirma que o que se sabe, com certeza, até agora sobre a variante britânica é que ela apresenta uma maior chance de infectar mais pessoas.
"A gravidade da COVID-19 tem muito mais a ver com o indivíduo [que contrai a doença] do que com a linhagem com a qual ele é infectado", diz Souza, em entrevista à Sputnik Brasil.
Spilki explica que, para encontrar locais onde há novas cepas, os cientistas apostam em cidades que apresentam rápido aumento do número de casos, "algo que é bastante característico destas variantes".
Vacinas são eficazes contra a cepa britânica, afirmam especialistas
Ambos os pesquisadores explicam que a variante britânica já se mostrou sensível aos imunizantes que têm sido aplicados mundo afora. Spilki explica que há estudos que apontam uma pequena perda de eficácia na vacina – o que significa que, mesmo vacinadas, algumas pessoas tendem a desenvolver COVID-19 quando infectadas pela variante britânica. A boa notícia é que as vacinas continuam eficazes para reduzir casos graves da doença.
"De todas as variantes já descritas a única que já temos resultados que confirmam alteração mais alta na eficácia da vacina é a linhagem da África do Sul", diz Souza, que é um dos autores do estudo que mostram a detecção da variante britânica em cidades brasileiras.
"Então seria o momento, efetivamente em virtude das variantes, de intensificarmos a vacinação", alerta Spilki.