O ministro da Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, e o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS, na sigla em inglês) estão sendo processados por causa de um contrato de £ 23,5 milhões (aproximadamente R$ 180 milhões) com a empresa de dados Palantir, sediada no Vale do Silício, EUA.
O processo foi aberto pela organização Open Democracy por, segundo a organização, o NHS não ter realizado uma nova avaliação de impacto da proteção de dados quando o negócio foi estendido em dezembro.
"Palantir é mais conhecida por impulsionar as operações de inteligência dos EUA no Iraque e no Afeganistão. Seu fundador, Peter Thiel, um bilionário do Vale do Silício [e] patrocinador de Trump, escreveu uma vez: 'Não acredito mais que a liberdade e a democracia sejam compatíveis'", lê-se no comunicado da Open Democracy.
Um porta-voz do NHS disse à emissora BBC que uma avaliação de impacto da proteção de dados foi feita em abril do ano passado, "e uma atualização será publicada no devido tempo".
'Expansão significativa'
Em março de 2020, o NHS contratou a Palantir para armazenar grandes quantidades de dados de saúde que se acumulavam como resultado da pandemia do novo coronavírus. O acordo temporário foi prorrogado em dezembro por dois anos.
Segundo o acordo, os dados do NHS são anonimizados antes de serem entregues à Palantir, que contribui com seu software e equipe, mas o NHS insiste que os dados permanecem sob seu controle.
Em janeiro, Phil Booth, coordenador da medConfidential, grupo que faz campanha pela confidencialidade e consentimento do paciente no Reino Unido, afirmou à Sputnik que a extensão do acordo foi uma "expansão significativa", muito além da emergência de saúde representada pela pandemia.
"Uma coisa é usar os recursos de integração de dados da Palantir durante uma emergência declarada de saúde pública, outra bem diferente é começar a incorporá-los na gestão diária dos aspectos do NHS e do sistema de atendimento mais amplo", disse Booth.
Empresa liga à CIA
Palantir, batizada em homenagem a uma pedra presente no livro O Senhor dos Anéis, é conhecida por seu trabalho com a Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) e a Agência de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês), ambas norte-americanas.
O software da empresa forneceu a inteligência que permitiu uma invasão massiva da ICE em fábricas de processamento de aves no estado norte-americano do Mississippi, em agosto de 2019, que levou à detenção de 680 supostos imigrantes ilegais.
Em fevereiro, a Palantir previu um crescimento de receita de 30% neste ano, ante 47% no ano passado, quando ganhou uma série de contratos governamentais, incluindo do Exército e da Força Aérea dos EUA.