As donzelas, conhecidas como primas das libélulas que voam pelos pântanos comendo mosquitos, estiveram por mais de 150 anos sendo incorretamente classificadas pela paleontologia. Apesar de parecidos, os fósseis apresentam cabeças de formatos diferentes, mas que os pesquisadores sempre atribuíram à distorção resultante do processo de fossilização.
Uma equipe de pesquisadores liderada pelo paleontólogo Bruce Archibald, da Universidade Simon Fraser, descobriu que elas na verdade não são donzelas, mas representam um novo grupo importante de insetos intimamente relacionado aos zigópteros. As descobertas, publicadas nesta quarta-feira (24) na Zootaxa, mostram que a forma distinta dos olhos arredondados e não protuberantes do inseto, dispostos perto da cabeça, são as características definidoras de uma subordem relacionada a donzelas e libélulas que os cientistas chamaram de Cephalozygoptera.
"Quando começamos a encontrar esses fósseis na Colúmbia Britânica e no estado de Washington, também pensamos primeiramente que deviam ser libelinhas", diz Archibald.
Mas, em uma inspeção mais detalhada, a equipe percebeu que eles se assemelhavam a um fóssil sobre o qual o paleontólogo alemão Hermann Hagen escreveu em 1858. O fóssil de Hagen, entretanto, tinha cabeça e olhos estranhamente arredondados. Mas ele presumiu que essa diferença era falsa, causada pela distorção durante a fossilização.
A equipe liderada pela Universidade Simon Fraser, incluindo Robert Cannings do Museu da Colúmbia Britânica Real, Robert Erickson e Seth Bybee, da Universidade Brigham Young, e Rolf Mathewes, da Universidade Simon Fraser, examinou 162 anos de artigos científicos e descobriu que muitos espécimes semelhantes foram encontrados desde a época de Hagen.
Até que concluíram que as estranhas cabeças dos fósseis eram a sua verdadeira forma e, portanto, uma outra espécie. Os pesquisadores usaram o formato da cabeça que define o fóssil para nomear a nova subordem Cephalozygoptera, que significa "cabeça de libelinha".
A espécie mais antiga conhecida de Cephalozygoptera viveu entre os dinossauros no período Cretáceo na China, e sua existência foi conhecida pela última vez há cerca de 10 milhões de anos na França e na Espanha.
A equipe foi capaz de nomear 16 novas espécies de Cephalozygoptera. Archibald passou 30 anos vasculhando os depósitos ricos em fósseis do sul da Colúmbia Britânica e do interior do norte de Washington, nos EUA. Até o momento, em colaboração com outros pesquisadores, ele descobriu e nomeou mais de 80 novas espécies da área.