Segundo uma matéria publicada pelo jornal The New York Times nesta sexta-feira (26), que cita funcionários do governo norte-americano, o presidente Joe Biden decidiu que é muito alto o custo de "penalizar diretamente" o príncipe saudita pelas alegações de que ele seria o responsável direto pelo assassinato de Khashoggi no consulado saudita em Istambul, na Turquia.
De acordo com o jornal nova-iorquino, a decisão de Biden de não penalizar diretamente Mohammed bin Salman foi tomada após sua equipe na Casa Branca chegar a um consenso de que não haveria meios de "barrar formalmente" o príncipe saudita de entrar nos Estados Unidos ou de apresentar acusações criminais contra ele sem romper as relações com a monarquia árabe.
"Enquanto alguns funcionários disseram que não havia dúvidas de que o príncipe Mohammed ordenou o assassinato e a detenção de dissidentes e opositores, o banimento impossibilitaria as relações com os sauditas no futuro", escreveu a publicação. "Ele é, segundo concluíram as fontes, importante demais para os interesses americanos para ser punido", acrescentou.
O NYT divulgou essa informação pouco tempo depois que o governo Biden decidiu desclassificar um relatório de inteligência, divulgado pelo Escritório do Diretor Nacional de Inteligência (ODNI, na sigla em inglês), que acusa Mohammed bin Salman de ordenar o assassinato de Khashoggi.
Logo após o documento ser desclassificado, o secretário de Estado Antony Blinken anunciou uma nova política de restrição de vistos, na qual os EUA impedirão a entrada de estrangeiros no país que sejam suspeitos de ameaçar "dissidentes".
O assassinato do jornalista e residente legal permanente nos EUA Jamal Khashoggi chocou o mundo. Começando hoje [26], teremos uma nova política global, que levará o seu nome, para impor restrições de visto àqueles que se envolvem em ataques extraterritoriais contra jornalistas e ativistas.
Além disso, o Departamento do Tesouro dos EUA emitiu um comunicado anunciando sanções contra o ex-vice-diretor de Inteligência da Arábia Saudita, Ahmed Al-Asiri, e contra a Força de Intervenção Rápida, a guarda de elite pessoal do príncipe herdeiro.
Ao comentar em ocasiões anteriores sobre as alegações de seu envolvimento no assassinato de Khashoggi, Mohammed bin Salman assumiu responsabilidade pelo caso que, segundo ele, aconteceu diante de seus olhos, mas negou ter ordenado o assassinato.
O jornalista saudita Jamal Khashoggi era colunista da publicação norte-americana Washington Post e desapareceu em outubro de 2018 após entrar no consulado da Arábia Saudita em Istanbul, na Turquia.
Inicialmente, o reino saudita afirmou que não tinha conhecimento sobre o destino do jornalista, mas depois admitiu que Khashoggi foi brutalmente assassinado nas dependências da sede diplomática. Riad, no entanto, rejeitou veementemente qualquer envolvimento dos integrantes da família real no assassinato e, em 2019, a Justiça saudita sentenciou oito suspeitos por participação no assassinato.