Hans Kristensen é um especialista nuclear da Federação de Cientistas Americanos em Washington, EUA, que tem analisado imagens de satélite de uma recente construção em área de treinamento de mísseis. Segundo Kristensen, as imagens sugerem que a China está buscando conter aquilo que ela pode encarar como uma crescente ameaça dos EUA, escreve agência AP.
Nos últimos anos, Washington, por sua vez, tem apontado a modernização nuclear de Pequim como principal justificativa para investir centenas de bilhões de dólares nos próximos 20 anos na construção de um arsenal nuclear completamente novo.
O relatório de Kristensen surge em um momento em que as relações entre China e EUA passam por tensões intensas em um amplo espectro de questões que vão de comércio a segurança nacional.
Uma força nuclear chinesa mais forte poderia ser um fator a ser considerado nos cálculos dos EUA para uma resposta militar às ações chinesas ativas em torno de Taiwan e no mar do Sul da China.
"A política de armas nucleares da República Popular da China prioriza a manutenção de uma força nuclear capaz de sobreviver a um primeiro ataque e de responder com força suficiente para infligir danos inaceitáveis a um inimigo", avança um relatório do Pentágono.
No sentido mais amplo, o Pentágono afirma que a China está modernizando suas forças nucleares como parte de um esforço para desenvolver o Exército de Libertação Popular em meados deste século para se igualar – e em alguns aspectos superar - às Forças Armadas dos EUA.
De acordo com especialista nuclear, as fotos de satélite obtidas mostram aparentemente que no final do ano passado a China iniciou a construção de 11 silos subterrâneos em um vasto campo de treinamento de mísseis perto de Jilantai, no centro-norte da China. A construção de outros cinco silos teria sido iniciada antes na mesma zona.
A área de treinamento de mísseis da China, perto de Jilantai, está passando por uma expansão e atualizações significativas, incluindo 16 silos de mísseis, meia dúzia de instalações de alta capacidade e dois túneis exclusivos.
Kristensen aponta que estes 16 silos devem ser adicionados aos 18 ou 20 silos que a China usa para os seus mísseis balísticos intercontinentais (ICBM, na sigla em inglês) mais antigos, os DF-5.
Quase todos os novos silos identificados por Kristensen parecem ter sido projetados para acomodar os ICBM de nova geração – DF-41. Além do mais, Pequim já possui uma versão móvel ferroviária e rodoviária do DF-41.