Experimento mostra que anticorpos não neutralizam variante sul-africana do coronavírus

Em experimentos com vírus de laboratório com mutações análogas à cepa da África do Sul, biólogos sul-africanos revelaram que o vírus é estável à neutralização do impacto de anticorpos da COVID-19 ou plasma.
Sputnik

Os resultados do estudo foram publicados na revista Nature Medicine.

Os recuperados e os vacinados da COVID-19 produzem anticorpos que podem permanecer por meses e devem protegê-los de recorrência do coronavírus. Anticorpos neutralizantes são encontrados no plasma sanguíneo dos recuperados, sendo este plasma muito utilizado para tratamento de casos graves da COVID-19.

No entanto, ainda não é certo quão eficazes são estes anticorpos contra as novas variantes do coronavírus, tanto a britânica como a sul-africana.

Pesquisadores do Instituto Nacional de Infecções do Serviço Nacional de Saúde da África do Sul, liderados pela dra. Penny Moore e em parceria com colegas da Universidade de Witwatersrand, observaram em laboratório o comportamento e a resistência do pseudovírus artificial a anticorpos.

Os autores do estudo compararam a neutralização da variante 501Y.V e da variante original do SARS-CoV-2 através de três classes de anticorpos e revelaram que todos os três neutralizaram a variante original, mas não a variante sul-africana.

Depois, os biólogos testaram a neutralização de ambas as variantes do coronavírus pelo plasma de recuperados recebido de 44 pacientes internados em hospital de Joanesburgo com COVID-19. A metade das amostras do plasma não demonstrou nenhuma atividade neutralizante contra 501Y.V2, uma parte demonstrou atividade mínima e apenas três amostras mostraram alto nível de neutralização do vírus.

No entanto, notam os autores, apesar da ausência de neutralização, os anticorpos se ligaram com sucesso à proteína S do vírus, ou seja, asseguraram alguma proteção, ainda que não tenha sido total.

Segundo opinião científica, os resultados apontam grande possibilidade de recorrência do coronavírus, se os recuperados se depararem com nova cepa do SARS-CoV-2, e também ao fato que é necessário continuar os estudos de desenvolvimento de plataformas adaptativas para novas vacinas.

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