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Fim da Sony no Brasil: 'Nosso modelo de atrair empresas competitivas está em xeque', diz economista

A Sony anunciou nesta segunda-feira (1º) que encerrará suas atividades comerciais no Brasil até o fim de março, interrompendo a venda de produtos como televisões, câmeras e equipamentos de áudio.
Sputnik

A decisão da Sony acontece no mês seguinte ao anúncio do fechamento de fábricas da Ford no Brasil. Para Josilmar Cordenonssi, economista e professor da Faculdade de Economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, as decisões das duas gigantes refletem a ineficácia do Brasil em atrair grandes empresas para operar no território brasileiro.

"Nosso modelo de atrair empresas competitivas está em xeque. Ainda mais estando na Zona Franca de Manaus, mostrando que incentivos fiscais não são suficientes para manter as empresas com atividades aqui no Brasil", diz o especialista, em entrevista à Sputnik Brasil.

O ambiente do mercado brasileiro é ainda muito hostil aos negócios estrangeiros. Mesmo com a queda do real em relação ao dólar, os investimentos no país seguem sendo arriscados para empresas estrangeiras por conta da instabilidade econômica do Brasil. Nem mesmo com incentivos fiscais o risco acaba sendo compensado.

"Isso acende um sinal de alerta para nossos dirigentes repensarem nossa politica econômica", alerta o economista.

Enquanto o mercado brasileiro é hostil a empresas estrangeiras, a indústria nacional não consegue inserir seus produtos no exterior. Em dezembro, a brasileira Mondial comprou o terreno, a fábrica e os equipamentos da Sony em Manaus para produzir televisões, micro-ondas e aparelhos de ar condicionado. Mesmo tendo comprado de uma gigante, a Mondial não consegue ter sucesso no mercado externo.

"Isso mostra como temos dificuldade em criar empresas competitivas lá fora […] e reflete nossas fraquezas como uma sociedade que não consegue criar empresas competitivas mundialmente", analisa Cordenonssi.
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Decisão reflete reposicionamento da Sony

A decisão da Sony não afeta a venda dos videogames Playstation 4 e 5, nem a atuação da Sony Pictures (de entretenimento audiovisual) e da Sony Music (setor musical) no Brasil. Segundo Cordenonssi, a decisão reflete um reposicionamento da marca: a empresa vai passar a apostar mais em segmentos onde há valor agregado e maior competitividade com outras gigantes.

Além disso, a Sony apresentou, recentemente, uma queda no segmento de tecnologia, onde a competição é acirrada.

"Com o foco na parte de desenvolvimento de games, no caso do Playstation 5, que é a principal fonte dos lucros da empresa, a Sony consegue competir de igual para igual com a Microsoft, que é uma gigante do segmento", avalia o economista.
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